Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Temer e Kassab tentam viabilizar nomes de centro contra Bolsonaro e Lula

As divergências entre os vários presidenciáveis devolveram protagonismo a dois velhos personagens da política, dedicados a encontrar um caminho do meio

Por Edoardo Ghirotto Atualizado em 4 jun 2024, 13h44 - Publicado em 28 Maio 2021, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • As divergências entre os vários presidenciáveis de centro que compõem o autointitulado Polo Democrático e as consequentes dificuldades para construir uma candidatura que faça frente a Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva devolveram protagonismo a dois velhos personagens da política, que vêm se dedicando, de forma discreta, a encontrar um caminho do meio. Um deles é o ex-presidente Michel Temer (MDB), que embarcou na construção de um programa de governo para subsidiar uma terceira via na disputa pela Presidência em 2022. Outro é o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), que tem atuado para expandir e fortificar os palanques nos estados com o objetivo de criar um cenário propício para lançar uma candidatura do seu partido ao Palácio do Planalto. Em comum, eles têm demonstrado disposição para fugir do embate entre o bolsonarismo e o lulismo. Ao menos por enquanto.

    Temer vive uma espécie de ressurreição política após ser inocentado das acusações de corrupção envolvendo esquemas no Porto de Santos e na Petrobras, além da anulação de decisões em outros processos no Rio. Sem problemas imediatos na Justiça, o ex-presidente reuniu um time de especialistas de várias áreas para propor soluções ao país. A segunda versão do Uma Ponte para o Futuro, o documento de reformas que apresentou antes do impeachment de Dilma Rousseff, terá como motes o combate às desigualdades sociais e a melhora da gestão pública. Entre os nomes procurados por Temer estão Nelson Teich (saúde), Rubens Barbosa (relações exteriores) e Delfim Netto (economia). A redação final será do ex-ministro Moreira Franco, dono de enorme prestígio junto ao ex-presidente. O plano será apresentado ao candidato que se mostrar mais aberto ao conteúdo. No MDB, embora haja um grupo pequeno que defende a candidatura de Temer, o próprio não se mostra disposto a entrar na disputa. Aos 80 anos, tem dito que gostaria de ser um articulador na política e um “garoto-propaganda” no exterior, liderando uma ação para recuperar o prestígio do Brasil entre chefes de Estado e investidores.

    A estratégia de Kassab é outra: em vez de articular com um programa em mãos, ele aposta na montagem de palanques que podem dar mais musculatura à pretensão nacional do seu PSD. Até aqui mantém uma agenda intensa de viagens para filiar quadros e construir alianças para a eleição de governadores e, com isso, colocar a sigla como a única com capilaridade para abrigar um projeto de terceira via. Um golaço foi trazer para a legenda o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, potencial candidato ao governo de Minas no ano que vem. Para o plano nacional, o político ideal — de acordo com Kassab — é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do DEM. Pessoas familiarizadas com as conversas, porém, dizem que o senador não demonstra muita disposição com a ideia e que, por ora, Kassab não tem nenhum plano B.

    ***ATENÇÃO - USO RESTRITO - PAGAMENTO POR REUTILIZAÇÃO***
    PELAS BORDAS - Kassab: montagem de palanques estaduais com o objetivo de ganhar musculatura para a disputa nacional – (Avener Prado/Folhapress)

    Políticos habilidosos, Temer e Kassab conduzem suas articulações no fio da navalha. Embora MDB e PSD não tivessem representantes entre os presidenciáveis que assinaram o manifesto do Polo Democrático — João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Luciano Huck (sem partido) e João Amoêdo (Novo) —, os dois partidos podem compor com algum deles. Por outro lado, as duas legendas estão na mira de Lula e de Bolsonaro — ambas já integraram gestões petistas e têm representantes no atual governo. A entrada mais incisiva de Temer no cenário eleitoral ocorre no momento em que Lula avança sobre antigas lideranças do MDB, como o ex-presidente José Sarney. Enquanto vê um pedaço do partido flertar com o petista, Temer também não fecha as portas a Bolsonaro, mas exige que o presidente se comprometa a mudar os rumos de seu governo.

    Continua após a publicidade

    Kassab, por sua vez, esteve recentemente com Lula, em Brasília, e se mostrou preocupado com a radicalização nas eleições. Se um nome de centro não decolar, o ex-ministro poderá decretar a neutralidade do PSD na disputa. Quem conhece o estilo de Kassab, no entanto, não descarta nenhuma hipótese. Ex-presidente do Banco Central na gestão Lula e secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, do PSD, tem dito a pessoas próximas que o petista fez sondagens para tê-lo como vice. Esse jogo eleitoral está apenas começando, mas os movimentos nos bastidores de Temer e Kassab têm ao menos duas consequências imediatas: abrem uma nova possibilidade ao centro e dificultam a cooptação de duas grandes legendas pelos extremos — ambas importantes neste ensaio para a batalha de 2022.

    Com reportagem de Victor Irajá

    Publicado em VEJA de 02 de junho de 2021, edição nº 2740

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.