Schahin nega ser responsável por ‘fuga’ de navios-sonda
Auditor da Receita Federal acusou a empresa de tirar as embarcações avaliadas em 400 milhões de dólares das águas brasileiras para evitar o pagamento de impostos
Acusada pela Receita Federal de ter participado da “fuga” de dois navios-sonda seus ao exterior para evitar o pagamento de impostos, a Schahin enviou nesta quinta-feira um ofício à força-tarefa que conduz a Operação Lava Jato para se explicar. Avaliados em cerca de 400 milhões de dólares, os navios Cerrado e Sertão estavam ancorados na bacia de Campos, no Rio de Janeiro, e desapareceram das águas brasileiras no início de outubro. Ambos estavam bloqueados por uma ação da Receita Federal. Investigado pelo envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras, o Grupo Schahin passa por processo de recuperação judicial.
Segundo o auditor Roberto Leonel de Oliveira Lima, responsável pela investigações da Lava Jato na Receita Federal do Paraná, a evasão dos navios se deu graças a uma medida judicial engendrada por duas offshores sediadas nos Estados Unidos, a Airosaru Drilling e a Dleif Drilling, que se diziam credoras da Schahin e conseguiram uma ordem de reintegração de posse das embarcações.
De acordo a Receita, entretanto, as empresas estrangeiras pertenceriam à Schahin e teriam sido usadas como mecanismo para levar os navios-sonda ao exterior e evitar o pagamento de impostos sobre ambos.
No ofício encaminhado aos procuradores da Lava Jato e à Receita Federal, a Schahin argumenta que os contratos para utilização dos navios assinados com a Petrobras previam a criação de empresas no exterior, por isso abriu a Airosaru e a Dleif, das quais vendeu títulos a credores internacionais. Em caso de inadimplência da empresa brasileira, estes credores passariam a administrar as offshores. Com a rescisão dos contratos dos navios pela Petrobras em maio de 2015, a Schahin deixou de pagar aos credores, que tomaram as empresas no exterior e, depois de decisões judiciais, os navios.
A Schahin classifica as acusações da Receita como “intoleráveis” e diz ter buscado impedir a transferência de posse das embarcações para os credores por meio de ações nas justiças paulista e fluminense. O comandante do navio-sonda Cerrado, segundo a empresa, chegou a ser ameaçado de prisão ao resistir ao cumprimento da ordem judicial que concedeu a posse dos navios aos credores.
(Da redação)