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Saiba quem é Wesley Batista, um dos donos da JBS, preso pela PF

Executivo do Grupo J&F teve o mandado de prisão expedido pela Justiça Federal de São Paulo na Operação Tendão de Aquiles, deflagrada nesta quarta-feira

Por Da Redação
Atualizado em 13 set 2017, 12h12 - Publicado em 13 set 2017, 07h56

O empresário Wesley Batista, um dos donos da holding J&F, que controla a JBS, foi preso na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal (PF). A prisão ocorre três dias após Joesley Batista, irmão de Wesley e sócio da J&F, e o diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud, serem presos após a suspensão dos benefícios obtidos no acordo de delação premiada que tinham firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A decisão foi tomada após a gravação de uma conversa entre Joesley e Saud indicar que os colaboradores da empresa omitiram informações da PGR. Wesley não participou do áudio, mas teve a ordem de prisão expedida pela Justiça Federal de São Paulo na investigação que apura se os executivos aproveitaram a própria delação para ganhar dinheiro no mercado financeiro.

Wesley é o irmão do meio entre os três filhos homens de José Batista Sobrinho, o JBS. O embrião do conglomerado empresarial foi o modesto açougue Casa de Carnes Mineira, fundado pelo patriarca da família em 1953, em Anápolis (GO). Wesley, assim como Joesley, não conseguiu concluir o Ensino Médio por conta das tarefas que lhe eram designadas nos frigoríficos da família.

Foi Wesley o responsável pela internacionalização da marca. A rede de frigoríficos foi chefiada pelo irmão mais velho, José Batista Júnior, o Júnior da Friboi, entre 1960 e 2005. Após a saída de Júnior da empresa, Wesley assumiu as rédeas e, sem falar inglês, se mudou para os Estados Unidos, onde morou por quatro anos. Lá, o executivo foi responsável pela compra das empresas Swift Foods Company, em 2007, e, no ano seguinte, da Pilgrim’s. 

As aquisições foram fundamentais para a expansão da marca no exterior. Elas só foram possíveis graças ao aporte de recursos do BNDES, que investiu 10,63 bilhões de reais na JBS, entre 2005 e 2014. Atualmente, o apoio prestado à empresa é alvo das investigações que apuram os laços promíscuos mantidos entre os executivos e agentes do poder público.

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Ao retornar dos EUA, Wesley foi encarregado de integrar as operações brasileiras às americanas. Os irmãos Batista decidiram, em 2012, criar a holding J&F Investimentos para reunir as empresas do grupo, que já havia se expandido para fora do setor alimentício. Entre elas estavam a Vigor, de produtos lácteos, a Eldorado Brasil, de celulose, e a Alpargatas, de vestuário e dona da marca Havaianas. Todas foram vendidas após o acordo de delação firmado com a PGR.

Wesley, o delator

Na sua colaboração, Wesley disse que houve repasse de propinas para o ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB), que cumpre prisão domiciliar após ter firmado acordo de delação. Também revelou um esquema fraudulento para redução de alíquota do ICMS no Mato Grosso do Sul, que teria começado no início dos 2000, sob o governo de Zeca do PT (PT), e se estendeu até o final do ano passado, nas gestões de André Puccinelli (PMDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB).

Wesley disse que houve pagamentos ilícitos ao ex-governador do Ceará Cid Golmes (PDT) e à campanha do atual governador do estado, Camilo Santana (PT), em 2014. Em outros anexos, Wesley detalhou como o doleiro Lúcio Bolonha Funaro agia como o operador de propinas do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato.

A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e o ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP), também teriam recebido vantagens indevidas, segundo Wesley. Os repasses a Kassab chegariam a 20 milhões de reais, em contratos firmados durante seis anos.

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, responsável pela defesa de Wesley, disse que “é injusta, absurda e lamentável a prisão preventiva de alguém que sempre esteve à disposição da Justiça, prestou depoimentos e apresentou todos os documentos requeridos”. Ele afirmou que “o estado brasileiro usa de todos os meios para promover uma vingança contra aqueles que colaboraram com a Justiça”.

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Outro advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, emitiu uma nota na qual diz que os irmãos Batista poderiam ter feito um anexo no acordo de colaboração premiada firmado com o MPF sobre a investigação que resultou na prisão de Wesley nesta quarta-feira, mas que não o fez porque “não há crime algum”.

Veja a íntegra da nota:

“Os irmãos Wesley e Joesley Batista fizeram delação e entregaram centenas de documentos, assumiram inúmeros crimes e tiveram, na análise do procurador-Geral da República, o benefício da imunidade total, pois a efetividade da delação foi considerada absolutamente perfeita.

É claro que poderiam ter feito um anexo na delação sobre esta investigação que resultou na prisão, sobre suposto uso de informação privilegiada. Se existisse qualquer irregularidade, eles teriam acrescentado um anexo, o que levaria à imunidade completa também sobre este fato. Parece óbvio que não fizeram porque não há crime algum. Poderiam ter evitado a investigação e estariam hoje sob o manto da imunidade. Mas confiaram no estado; afinal de contas, estavam tratando com o Ministério Público Federal.

A prisão surpreende e causa indignação, pois é absolutamente desnecessária. Eles sempre se colocaram à disposição do MPF e do Judiciário. Se existisse qualquer hipótese de ” insider trading”, eles certamente teriam incluído os fatos na delação para obterem a imunidade. A defesa segue confiando no Judiciário.”

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