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Radialista diz ter sido pago por Perillo com ‘dinheiro sujo’

Luiz Carlos Bordoni afirmou ter recebido dinheiro de duas empresas ligadas ao bicheiro Carlinhos Cachoeira e de caixa dois de campanha

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro
27 jun 2012, 13h12

Ex-aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o radialista Luiz Carlos Bordoni disse nesta quarta-feira à CPI do Cachoeira que foi pago pelo político tucano por caixa dois de campanha e com “dinheiro sujo” de empresas controladas pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Primeiro acusador a depor na comissão parlamentar de inquérito, Bordoni confirmou ter recebido recursos de duas companhias ligadas a Cachoeira: a Alberto&Pantoja e a Adécio e Rafael Construção e Terraplanagem. O radialista afirma ter sido contratado por 120 000 reais para coordenar programas da campanha de Perillo em 2010.

“Recebemos dinheiro por fora em todas as campanhas. Quando você recebe em dinheiro, fica tudo mais simples. Como é que eu vou depositar o dinheiro de que eu não sei a origem?”, disse ele. Bordoni falou por oito horas à CPI.

Do total recebido pelos serviços prestados a Marconi Perillo, 40 000 reais teriam sido entregues pessoalmente pelo próprio tucano. Outros 10 000 reais por Jayme Rincón, atual presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop). O restante teria sido quitado pelas empresas de Cachoeira. Bordoni admitiu que os 40 000 reais recebido de Perillo não foram declarados no Imposto de Renda. Os recursos foram repassados a ele pelo governador em um envolpe que estava guardado em um frigobar. “Recebi 40 000 reais no início da campanha das mãos do candidato no gabinete dele em um envelope aparelo que estava guardado dentro do frigobar”, relatou.

“Pelo meu trabalho limpo fui pago com dinheiro sujo”, afirmou Bordoni aos parlamentares. Durante o depoimento, o radialista encaminhou à CPI autorização para a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico seu e de sua filha, Bruna Bordoni, em cuja conta bancária foi depositado dinheiro da Alberto&Pantoja.

O depoente ainda apresentou uma declaração da empresa Art Midi, segundo a qual ele nunca teria trabalhado para a companhia. A informação contradiz o governador goiano. Perillo afirma que nunca repassou dinheiro sujo ao jornalista e sustenta a tese de que o comitê financeiro de sua campanha, coordenado por Jayme Rincón, pagou Bordoni por meio da Art Midi – um repasse de 33 000 reais. O jornalista negou. Depois, admitiu ter recebido uma parcela de pagamento pagamento por meio da empresa: “Foi o único por dentro. Foi com cheque do comitê de campanha para a Art Midi, que repassou o dinheiro para mim”.

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“O que houve de fato foi o pagamento por meio de caixa dois da Alberto&Pantoja, empresa comprovadamente ligada a Cachoeira, e da Adécio e Rafael Construção e Terraplanagem, também empresa fantasma de Cachoeira”, relatou o radialista. Ele ainda desafiou as autoridades do governo goiano a aceitar uma acareação com ele. “Quero encará-los”, disse. “Não os temo. Precisam aprender que não se brinca com honra e dignidade das pessoas”.

Luiz Carlos Bordoni também rechaçou a versão de que os repasses das empresas de Cachoeira são fruto de extorsão praticada por ele – e não teria ligação com a campanha de Perillo. “Quem sou eu para achacar o rei do achaque?”, indagou. “Que poder tenho eu para submeter o capone do cerrado?”. O radialista negou conhecer pessoalmente o contraventor Carlinhos Cachoeira, mas disse que o empresário de jogos era amplamente conhecido em Goiás como “o rei do jogo”.

Protesto – Bordoni não só afirmou ter sido pago com recursos de caixa dois como lançou novas suspeitas sobre Marconi Perillo. O jornalista disse que o governador conversou com Cachoeira várias vezes – e não apenas duas, como admite o tucano. Segundo Bordoni, houve encontros no hangar do governo e na sede do Detran. O depoente afirmou ainda que Perillo discutia política e negócios com o contraventor e disse que o tucano era “apoiado” pelo bicheiro. “Financeiramente não sei (se houve apoio de Cachoeira a Perillo), mas, tal como as empreiteiras todas que têm interesses, apoia sempre”, relatou. Não disse, entretanto, a fonte dessas informações, já que não presenciou as reuniões. O jornalista garante que nunca se encontrou com o bicheiro.

As afirmações do radialista irritaram os tucanos. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) parou o depoimento para pedir que o comando da CPI interferisse. “São ilações das mais diversas ordens”, protestou. “A testemunha tem a obrigação de se manter aos fatos relacionados a ele”.

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Bordoni ensaiou uma resposta ao deputado, que fez carreira como promotor de Justiça: “O senhor, como homem do Ministério Público…”, começou, antes de ser interrompido pelo próprio Sampaio, aos gritos. “Não admito que vossa excelência fale sobre mim!”, disse o deputado.

A onda de indignação se espalhou por outros parlamentares da oposição. Bordoni foi mais longe: falou em deputados “orientados por celular” para atacá-lo. “Alguns dos senhores que estão aqui nesta comissão não querem investigar coisa alguma”, afirmou. A declaração causou nova indignação.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), ainda mais exaltado do que os integrantes do PSDB, chegou a se referir a Bordoni como “vagabundo”. Da penúltima fileira, no fundo da sala da CPI, o deputado e ex-ministro Luiz Sérgio (PT-RJ) ria alto.

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