O peemedebista Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pediu demissão nesta quinta-feira o Ministério do Turismo, é o destinatário de 1,55 milhão de reais em propina da Transpetro, segundo depoimento de delação premiada do ex-presidente da empresa Sergio Machado. Aos investigadores da Operação Lava Jato, Machado disse que Alves “sempre em eleições [o] procurava para fazer doações, para poder ajudar na campanha [e interceder] naquelas empresas que prestavam serviço para Transpetro”. Conforme a versão apresentada pelo delator, o ministro demissionário levou empresas de tecnologia e serviços para serem contratadas pela Transpetro, mas as negociações não foram adiante. Machado afirmou ainda que “ajudou sempre [Henrique Alves] por meio de doações oficiais, cuja origem eram vantagens indevidas pagas pelas empresas contratadas pela Transpetro”. Dos mais de 100 milhões de reais em propina retirados de contratos da empresa e encaminhados a políticos do PMDB, Sergio Machado apontou 1,55 milhão de reais ao agora ex-chefe do Turismo. A empreiteira Queiroz Galvão pagou 500.000 reais em 2014, 250.000 reais em 2012, 300.000 reais em 2008 e a empresa Galvão Engenharia providenciou 500.000 reais em 2010. Em dezembro do ano passado, Henrique Eduardo Alves já tinha sido alvo de mandado de busca e apreensão em um apartamento em Natal na Operação Catilinárias, desdobramento da Lava Jato com foco em autoridades com foro privilegiado. As evidências são de que ele e o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha atuavam em conjunto na arrecadação ilegal de recursos para campanhas. Sem o Ministério do Turismo, as suspeitas contra o peemedebista devem ser remetidas para o juiz Sergio Moro. (Laryssa Borges, de Brasília)