A comissão executiva do PT se reúne nesta terça-feira, às 11h, em um hotel em Curitiba para decidir o futuro da chapa presidencial do partido nas eleições de 2018. Da reunião, deve sair ungido um novo candidato à presidência: o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, atualmente registrado como candidato a vice-presidente.
Haddad passou a maior parte da segunda-feira (10) discutindo o assunto com Lula (PT) na carceragem da Polícia Federal na capital paranaense, onde o ex-presidente está preso desde 7 de abril. Vence nesta terça o prazo de dez dias dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a coligação “O Povo Feliz de Novo” (PT, PCdoB e Pros) escolha um novo postulante ao Planalto, depois que a candidatura do ex-presidente foi rejeitada por 6 votos a 1 na madrugada do último dia 1º de setembro.
A maior dúvida sobre a entrada do ex-prefeito na disputa presidencial diz respeito a uma medida cautelar protocolada junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a inelegibilidade de Lula ou, ao menos, estender este prazo até o próximo dia 17, data limite do calendário eleitoral para a substituição de candidatos nas eleições.
A ampliação do prazo foi rejeitada pela ministra Rosa Weber, presidente do TSE, mas os defensores do petista alegam que como o recurso de Lula contra a rejeição da candidatura foi admitido pelo STF, ele precisaria ser analisado ao menos preliminarmente antes que a legenda fosse obrigada a fazer a substituição. Agora, a medida cautelar está nas mãos do ministro Celso de Mello, do Supremo, mas não havia nenhuma decisão tomada sobre o assunto até a manhã desta terça.
‘Minha voz’
Nesta segunda-feira, acadêmicos e intelectuais de esquerda realizaram um ato em São Paulo, no Teatro da Universidade Católica (Tuca), para manifestar apoio às candidaturas do PT à Presidência da República e ao governo paulista. Provável candidata a vice-presidente na chapa de Haddad, Manuela D’Ávila (PCdoB) estava presente no ato, no qual foi lida uma carta do ex-presidente Lula para a militância.
Em um trecho da mensagem, o petista ensaia o discurso para o anúncio do ex-prefeito como candidato: “Minha voz é a voz de Haddad”. A esposa do ex-prefeito, a professora universitária Ana Estela, esteve no evento e foi apresentada por petistas como “a mulher do candidato”.
Na pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira, Haddad deu um salto de 4% para 9%. Atualmente, ele está em empate técnico com Ciro Gomes (PDT), que tem 13%, Marina Silva (Rede), 11%, e Geraldo Alckmin (PSDB), 10%. O líder segue sendo Jair Bolsonaro (PSL), com 24%. A pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira ouviu 2.820 eleitores nos 26 estados e no Distrito Federal. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número de identificação BR-02376/2018. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
‘O presidente escolheu’
Antes da leitura da carta, petistas graúdos reunidos no Tuca, teatro da PUC, lançaram o nome do ex-prefeito como substituto de Lula. “Nós vamos com Lula até o final, mas o presidente escolheu um representante, que é Fernando Haddad e Manuela”, disse o ex-ministro Aloizio Mercadante em discurso.
A oficialização de Haddad como cabeça de chapa ainda sofre resistência dentro de alas mais radicais do PT, que defendem a tese do “Lula ou nada”. Jornais distribuídos por militantes e cartazes colados nas paredes do teatro pregavam o boicote às eleições devido ao impedimento do ex-presidente.
O grupo que aderiu a Haddad, por outro lado, corre contra o tempo para lançá-lo como candidato de fato, tendo em vista que ele ainda é desconhecido por boa parte da população e que falta menos de um mês para o primeiro turno. A deputada Manuela D’Ávila, que deve ser oficializada vice, falou sobre a necessidade de agilizar a campanha.