Professores em greve recebem lições de guerrilha pelo Facebook
Página detalha técnicas de comportamento, formas de evitar o gás lacrimogêneo e de filmar os protestos. Manifestação programada para esta segunda-feira tem 80.000 confirmações de presença na internet
O Rio de Janeiro deve ter mais uma tarde complicada nesta segunda-feira, devido ao protesto programado em apoio à greve dos professores do município e do estado. No Facebook, havia esta manhã 80.785 confirmações de presença – número que não tem relação direta com a participação de fato, mas indica o grau de adesão à manifestação. Os protestos de professores deixaram de ser pacíficos quando, na semana passada, o movimento Black Bloc foi convocado para atuar na linha de frente, instigando policiais e promovendo os atos violentos. Desde o sábado em que a Polícia Militar desocupou o plenário da Câmara dos Vereadores a temperatura dos protestos se elevou. E é praticamente nula a chance de uma manifestação sem tumulto na noite de hoje.
No Facebook, a página do Anonymous Rio traz uma espécie de manual guerrilheiro para preparar os docentes para o ato. Entre os professores de fato, há muitas mulheres e pessoas com mais de 40 anos – um perfil pouco condizente com a massa que enfrenta a PM.
Claudia Costin: “Estão fazendo a leitura errada do plano”
Sindicato dos professores do Rio é reprovado em matemática
O presente de grego de Sérgio Cabral para Eduardo Paes
Reinaldo Azevedo: Chegou a hora de pensar nas crianças sem aula
O “manual” é na verdade um compilado de links que ensinam desde como “filmar a revolução” até a confecção de máscaras caseiras contra o gás lacrimogêneo. A estratégia contra o gás chega a ser arriscada: máscaras eficientes custam até 500 reais, mas os manifestantes acreditam ser possível proteger as vias respiratórias com um arremedo montado com garrafas pet e filtros de papel.
Desde a aprovação do Plano de Cargos e Salários dos profissionais da educação, não houve mais reuniões entre representantes do município e do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe). Reportagem do site de VEJA mostrou que a rejeição aos números apresentados pela prefeitura se deu sem que os sindicalistas tenham sequer calculado ou simulado os salários com os critérios de aumento por tempo de serviço e por acréscimo de formação propostos. O Sepe alegou “falta de tempo” para não se dedicar ao cálculo, e admitiu também não ter testado seus próprios parâmetros – que criariam salários acima de 61.000 reais.
Na manhã desta segunda-feira, o prefeito Eduardo Paes, em entrevista à rádio CBN, pediu que os professores “se aprofundem” na compreensão do plano e avaliem os benefícios concedidos. A secretária de Educação do Município, Claudia Costin, em entrevista ao site de VEJA, afirmou estar surpresa com a reação violenta ao que foi proposto pelo município. “O plano é extremamente generoso”, disse a secretária.
Na manhã desta segunda-feira, uma reunião na OAB decide a divulgação de uma nota de “repúdio às ações violentas da PM” nos protestos de professores no Rio. Entre os participantes da reunião está o senador petista Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do Rio, que vem manifestando apoio aos grevistas.
Câmara do Rio enfrenta professores e aprova Plano de Cargos e Salários
Polícia usa bombas de efeito moral contra professores em greve
Black blocs dominam protesto de professores no centro do Rio