Prefeitura do Rio encontra computador em duto na sede de “QG da Propina”
Equipamento foi encontrado escondido sobre o forro, próximo à tubulação do ar-condicionado; polícia foi ao local para coleta e perícia
A atual gestão da Prefeitura do Rio de Janeiro localizou um computador de mesa escondido em um forro do teto, onde ficam os dutos do ar-condicionado, na sede do departamento administrativo da antiga sede da RioTur, na Cidade das Artes, localizada na zona oeste da capital, no começo da tarde desta segunda-feira, 11. A Polícia Civil fluminense foi acionada para a retirada do desktop de um alçapão do forro no local – apontado como sede do “QG da Propina”, provável esquema de corrupção que levou à prisão do ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), quando este estava prestes a finalizar seu mandato.
Peritos da Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (Ciaf) fizeram, então, a coleta e as perícias preliminares no equipamento. Segundo informações da polícia, o equipamento estava sem disco rígido de armazenamento – componente no qual se registram os arquivos e dados do computador – e sem memória.
A polícia não encontrou impressões digitais no exame papiloscópico. A carcaça, no entanto, tinha um número de identificação de registro de patrimônio da Prefeitura do Rio, que estava raspado. A polícia investiga, agora, quem era o servidor público que usava o equipamento e qual o departamento de origem do computador.
O equipamento foi encontrado na última quinta-feira, 8, após funcionários identificarem um vazamento no ar-condicionado da sala. Ao abrir o forro para manutenção, o técnico encontrou a carcaça do computador nos dutos protegida por camadas de espuma. A sala foi, então, lacrada até que os policiais chegassem ao local.
Procurada, a Prefeitura do Rio disse que não irá se manifestar sobre o assunto. A Polícia Civil, por sua vez, disse que as investigações seguem em andamento.
A sede do departamento administrativo da Riotur era chefiada por Marcelo Alves, que foi indicado pelo irmão, Rafael Alves, ao cargo.
De acordo com investigações da polícia e do Ministério Público do Rio (MP-RJ), Rafael é apontado como operador do chamado “QG da Propina”, um suposto esquema de corrupção que envolvia diversas secretarias da prefeitura que pedia um porcentual a empresários em troca de contratos da administração municipal.
Segundo a promotoria estadual, mesmo sem ter um cargo formalmente vinculado à prefeitura, Rafael Alves mantinha um escritório dentro da Cidade das Artes para intermediar o esquema. Ele e Crivella foram presos em 22 de dezembro, na segunda fase da Operação Hades. Crivella foi solto no dia seguinte por decisão do ministro Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e está em prisão domiciliar, sob monitoramento de uma tornozeleira eletrônica.