PMDB pressionou diretoria internacional em negociação, diz delator
Empresa americana pagou propina a políticos do partido e ao ex-diretor Zelada, afirma Eduardo Musa
O ex-gerente da área internacional da Petrobras Eduardo Musa, um dos delatores do esquema do petrolão, reforçou nesta sexta-feira ao juiz federal Sergio Moro que recebeu 550.000 dólares em propina para beneficiar a empresa americana Vantage Drilling no contrato de afretamento do navio-sonda Titanium Explorer. E que o ex-diretor da estatal Jorge Zelada teve influência direta na negociação. A empresa também teria pago vantagens indevidas não apenas a Zelada, mas a políticos do ‘PMDB mineiro’, segundo o delator.
Segundo a acusação do Ministério Público, pelo menos 31 milhões de dólares do esquema foram parar nas mãos de Zelada, de Musa e do PMDB, responsável pelo apadrinhamento político do ex-dirigente. No esquema, os lobistas Hamylton Padilha, Raul Schmidt Junior e João Augusto Rezende Henriques atuavam como intermediários da negociação, sendo que cabia a Padilha pagar a parte destinada a Eduardo Musa, a Raul Schmidt depositar a propina reservada a Zelada e a João Augusto Henriques pagar o dinheiro sujo ao PMDB.
De acordo com o delator, o partido pressionou o grupo para que o negócio com a Vantage fosse fechado. Zelada, então, alterou os critérios da concorrência para que a empresa fosse beneficiada.
“Fui procurado por Padilha, que me abordou dizendo que a contratação da Vantage era de interesse de um grupo que apoiava Zelada, e que o diretor tinha interesse em concretizar o negócio. Me ofereceram 1 milhão de dólares, que seriam pagos quando a operação tivesse início”, afirmou Musa. Segundo ele, contudo, o valor foi reduzido à metade posteriormente, para que ele pudesse receber o dinheiro antes. Musa afirmou que recebeu o dinheiro numa conta na Suíça.