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Pauta de costumes não merece mais atenção dos políticos, aponta pesquisa

Enquanto aliados de Bolsonaro apostam em agenda conservadora para reanimar a base, principal preocupação dos brasileiros é com emprego

Por Rafael Moraes Moura Atualizado em 3 out 2021, 13h26 - Publicado em 3 out 2021, 10h48

A redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, a prisão perpétua e a pena de morte para crimes bárbaros ou cruéis são temas da chamada “pauta de costumes” que encontram forte apoio na população brasileira, aponta uma pesquisa encomendada pelo DEM. De acordo com o levantamento, realizado no primeiro semestre de ano, 74% (no caso da maioridade), 64% (prisão perpétua) e 61% (pena de morte) apoiam essas medidas respectivamente. A sondagem, no entanto, também indagou o eleitorado sobre a relevância dessa agenda, hoje, no debate público. E daí vem o resultado que joga um balde de água fria na base conservadora do presidente Jair Bolsonaro, que aposta nessas bandeiras para conquistar as eleições do ano que vem: para a maioria do eleitorado, a agenda de costumes não merece mais atenção dos políticos.

Na avaliação de 42% do universo de 1,5 mil entrevistados, a redução da maioridade penal para 16 anos deve ser prioridade do Congresso. É, de longe, o tema que a população acha que deve ocupar mais espaço no debate público. A proposta de diminuir para 16 anos a responsabilização de jovens em casos de crimes hediondos, como estupro e latrocínio, já foi aprovada pela Câmara, mas segue parada no Senado, onde esbarra na resistência do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Para Pacheco, que tenta se viabilizar nos bastidores como candidato da terceira via, o tema não é prioridade agora.

No caso dos outros temas polêmicos, a relevância para a população é muito menor que o verificado na redução da maioridade penal. Apenas 31% e 25% dos entrevistados avaliam que a pena de morte e a prisão perpétua merecem mais atenção dos políticos. A legalização da maconha para uso recreativo ilustra bem a posição do eleitorado: 68% é contra, mas apenas 18% acham que o tema deve ser prioridade dos congressistas.

“Entrar muito forte na agenda de costumes é um erro: você cria uma dissidência onde não precisa, e na verdade tira o foco das principais preocupações que as pessoas estão de olho hoje. Tem de tomar um certo cuidado com essa agenda. Não pode entrar numa questão polêmica dessa, porque você vai espantar um eleitor que é o eleitor que votou no Bolsonaro e está descontente com ele”, diz o cientista político Luiz Felipe d’Avila, fundador do Centro de Liderança Pública e entusiasta da construção de uma terceira via em 2022. A pauta de costumes, alerta d’Avila, exige cuidado dos candidatos, já que pode provocar desgastes e atrapalhar estratégias de campanha.

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A pesquisa do DEM também identificou o humor do eleitorado sobre os principais problemas do País. A falta de emprego ficou em primeiro lugar para 33% dos entrevistados, enquanto a corrupção foi a primeira opção de 17% e a saúde pública foi a escolha de 14%. “A pauta prioritária é crescimento econômico, geração de emprego e combate a inflação”, conclui d’Avila.

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