Quinze dias depois de viajar para o interior de São Paulo para um período de descanso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ao PT nesta segunda-feira que sua participação na campanha eleitoral só será definida após o resultado de exames de rotina que fará no próximo dia 6, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A avaliação, que estava inicialmente marcada para o dia 29 de julho, foi adiada pela equipe médica que assiste o ex-presidente. Mesmo sem o resultado em mãos, Lula deixou claro que quer ir para as ruas e pediu que o seu afilhado, Fernando Haddad, candidato à prefeitura da capital paulista, lhe apresente uma proposta de agenda.
A principal preocupação do PT é ter o ex-presidente ao lado de Haddad na rua quando as emissoras de TV, principalmente a Rede Globo, começarem a cobrir diariamente a campanha. A eleição terá espaço fixo na grade da maior emissora do país a partir do próximo mês. Os petistas contam com a televisão para dar visibilidade ao ex-ministro da Educação e fazer com que os eleitores passem a identificá-lo com o PT e com Lula. “A campanha do PT é midiática”, diz um interlocutor do ex-presidente. A avaliação de Lula é que, por enquanto, as pesquisas mostram com mais votos os candidatos que são mais conhecidos do eleitor e que Haddad só crescerá quando começar a aparecer na televisão.
A apreensão do PT está no resultado da última pesquisa Datafolha, divulgada sexta-feira: desconhecido por 45% dos eleitores, Haddad ainda não é identificado como candidato de Lula: 40% dos entrevistados disseram que votariam no candidato apoiado pelo ex-presidente, mas o ex-ministro aparece com apenas 7% das intenções de votos, empatado tecnicamente com Soninha Francine (PPS), e bem atrás do candidato do PSDB, José Serra, que tem 30% das intenções de voto; e do PRB, Celso Russomano, com 26%.
“Com a cobertura de TV, vamos estudar como será possível a participação dele nesse período. Estamos prevendo, a depender do dia 6, algumas atividades externas com ele. Ele está 100% disponível. A única restrição é aguardar esse exame. Faremos mais carreatas do que caminhadas, em função de algum problema remanescente na perna”, disse Haddad.
Antes dos exames, porém, o PT realizará um evento, na próxima segunda-feira, em um hotel no centro de São Paulo para que Lula seja fotografado ao lado dos candidatos petistas a prefeitos nas cidades com mais de 150 000 eleitores. A participação do ex-presidente já está confirmada. A ideia é que ele apenas pose para as fotos e não abuse da voz, prejudicada em razão da radioterapia feita para combater o câncer na laringe. Lula também deve participar do ato em que Haddad apresentará o seu programa de governo.
Em reunião de quase duas horas no Instituto Lula, na capital paulista, o ex-presidente também pediu um relato do presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, sobre a situação das candidaturas petistas em todo o país, estado por estado. Presente no encontro, o presidente do PT paulista, deputado Edinho Silva, relatou a Lula como está encaminhada a campanha no interior de São Paulo. Foi discutida a presença de Lula nas campanhas de Patrus Ananias, em Belo Horizonte, e de Humberto Costa, no Recife.