O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (PT-BA), admitiu nesta segunda-feira que, dependendo dos esclarecimentos que o contraventor Carlinhos Cachoeira der à CPI, não será preciso aprovar as convocações do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ou do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Os dois personagens são pressionados a prestar esclarecimentos na comissão de inquérito.
“Aqui não é uma instância do judiciário. Não julgamos crime, julgamos decoro parlamentar”, afirmou o senador. “O julgamento do crime, se porventura o encontrarmos naquele conjunto de informações, será julgado por instância externa e não por nós. Imaginem a gente instituir agora uma regra pela qual passaríamos a decidir sobre procuradores, governadores? Está errado. Quem decide sobre procuradores é o Conselho do Ministério Público, órgão constituído com essa envergadura. Quem decide sobre governadores? O STJ. Portanto, não somos nós”. Pinheiro foi um dos primeiros petistas a marcar posição contra uma eventual convocação do governador tucano e do chefe do Ministério Público.
Para o senador, a CPI do Cachoeira tem uma peculiaridade em relação às CPIs anteriores por já ter começado com um grande volume de informações a serem analisadas pelos parlamentares. “Essa fase é mais de coleta de informações, é a fase em que os deputados e senadores vão conhecer que caminhos foram trilhados para depois, num passo seguinte, decidir quem deve e quem não deve vir”, observou Pinheiro. “Portanto, colocar o carro diante dos bois não funciona. Não posso pretender arguir fulano, beltrano ou sicrano sem saber efetivamente o que foi traçado”.
Na avaliação do senador, a convocação indiscriminada de autoridades, sem a análise prévia de informações, poderia transformar a comissão num “oba-oba”. “Precisamos olhar e apontar caminhos para que não se diga por aí afora que a nossa pretensão seja apenas a de fazer um oba-oba sem encaminhamento, ou, na linguagem que todo mundo utiliza, para terminar em pizza”, avaliou.