Os recados do Centrão para Paulo Guedes
Ministro da Economia segue sendo cobrado por cargos prometidos aos parlamentares
O aumento da pressão do Centrão sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes, que resultou na debandada de parte da equipe econômica na última quinta-feira ainda não foi o suficiente para apaziguar os ânimos da classe política. A abertura de espaço fiscal para emendas parlamentares era a principal demanda do grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira, mas ainda está na mesa a cobrança pela nomeação de cargos-chave no governo, como a chefia da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Guedes foi convocado para participar de reunião da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados no dia 10 de novembro. É este o prazo para o ministro se acertar com Lira. Deputados afirmam que, até lá, o presidente da Câmara “vai dar o tom” do depoimento; se Lira estiver em paz com Guedes, os parlamentares devem estar menos agressivos nos questionamentos. Os congressistas não descartam que a audiência seja cancelada, caso a paz seja instalada.
O presidente da Câmara tem repetido a colegas que entregou o que Guedes pediu, como privatização dos Correios, reforma do imposto de renda e MP da Eletrobras, mas que o ministro da Economia tem atrasado as nomeações para cargos já combinados.
“Sei que o presidente não pediu isso, porque acredito que ele confia em mim e eu confio nele, mas sei que muita gente da ala politica andou oferecendo nome e fazendo pescaria”, disse Guedes nesta sexta-feira, 22, em pronunciamento ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no qual desmentiu boatos sobre eventual demissão.
Deputados governistas têm dito que a insatisfação com Guedes cresceu ao longo do ano por causa da dificuldade do ministro em encontrar uma solução para estimular a economia e implementar o Auxílio Brasil sem reduzir as emendas parlamentares, que, destinadas às bases, financiam projetos e impulsionam as campanhas de 2022.
“O entorno político do Bolsonaro de hoje, que é o Centrão, percebe que eleitoralmente a última boia de salvação do presidente, que é essa questão do Auxilio Brasil. E é um entorno que tradicionalmente não tem compromisso com responsabilidade fiscal, então vão fazer qualquer estripulia que garanta isso”, diz o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara. “A conta que eles não estão fazendo é o custo econômico. O reajuste, nos termos em que o governo está colocando, vai ser engolido por inflação, juros, câmbio. E vai afundar o país em recessão profunda no ano que vem, em ano eleitoral.”
No começo do ano Guedes protagonizou embate com o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) justamente por causa do aumento da verba destinada às emendas parlamentares no Orçamento.