Oposição comemora mandados de busca em endereços ligados a Queiroz
Operação investiga esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho do presidente
Parlamentares de oposição comemoraram o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira, 18, em endereços ligados a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do RJ. “Até que enfim acharam o endereço do Queiroz e começaram a investigar”, escreveu o vice-presidente nacional do PT e deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) pelas redes sociais.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que “a hora de prestar contas chegou”. “O povo merece respostas sobre Queiroz, Flávio Bolsonaro e qualquer ligação do presidente da República com os supostos esquemas investigados. Aguardamos atentos”, disse. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro.
Queiroz é o pivô de uma investigação que quer apurar a existência de um esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro enquanto ele era deputado estadual no Rio de Janeiro. Agentes estiveram em endereços ligados a parentes do ex-assessor na Zona Oeste do Rio e a familiares de Ana Cristina Siqueira Valle.
Em dezembro do ano passado, foi revelado um relatório do Coaf que mostrava movimentações atípicas de 1,2 milhão de reais feitas por Queiroz. O ex-assessor não foi prestar depoimento na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro alegando “inesperada crise de saúde”. Reportagem de VEJA revelou o paradeiro de Queiroz, que está fora dos holofotes janeiro.
“Mais de um ano após a primeira tentativa de se ouvir o Fabrício Queiroz e após ele faltar a vários depoimentos, realizam uma operação para investigar o esquema que parece ter Flávio Bolsonaro no centro. Vamos acompanhar e cobrar!”, afirmou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) pelas redes sociais.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) criticou a demora nas investigações. “O fantasma Fabrício Queiroz vai rondar o Planalto por muito tempo. Há mais de um ano ficaram públicas as suspeitas, tempo que Queiroz flana por aí, falta a depoimentos e não é incomodado. Se a justiça é para todos, que responda a família Bolsonaro”, disse.
Até a publicação desta reportagem, nenhum membro da família Bolsonaro havia se pronunciado sobre a operação. Em nota, a defesa de Queiroz afirmou que recebeu a informação com “tranquilidade”, mas com “surpresa, pois é absolutamente desnecessária”.
Investigação
Queiroz é suspeito de ser o operador do esquema conhecido como “rachadinha”, quando trabalhou no gabinete de Flávio entre 2007 a 2018. Ao longo de 2016, o ex-assessor movimentou 1,2 milhão de reais em sua conta bancária, com uma série de saques e depósitos fracionados considerados atípicos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Queiroz e Flávio são alvos do MP-RJ, cujas investigações chegaram a ser suspensas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, em uma decisão que atingiu todos os procedimentos baseadas no compartilhamento de dados bancários e fiscais sem autorização do Poder Judiciário. O STF reverteu esta medida e deu sinal verde para as apurações no final do mês passado.