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Odebrecht nega propina e ataca acusação: ‘Prisão é cruel’

Executivo apresentou ao juiz Sergio Moro primeiras explicações contra acusações a que responde – e negou que tenha tentado interferir nas investigações da Lava Jato

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 out 2015, 15h26

Preso há mais de 130 dias por suspeitas de envolvimento no escândalo do petrolão, o executivo Marcelo Odebrecht, presidente do Grupo Odebrecht, apresentou nesta sexta-feira ao juiz Sergio Moro suas primeiras explicações contra os indícios de que participaria do esquema e negou que tenha atuado na distribuição de dinheiro sujo, cogitado fugir ou mesmo tentado interferir nas investigações da Operação Lava Jato. Ao contrário dos demais réus do petrolão, Odebrecht apresentou previamente a Moro um questionário com sessenta perguntas e respostas sobre temas que envolvem as denúncias a que responde na Justiça. Na sequência, respondeu a questionamentos adicionais do juiz.

O principal foco da defesa do executivo apresentada hoje foi a tentativa de rebater as suspeitas de que mensagens apreendidas no celular, em e-mail e em documentos dele davam a entender que havia uma estratégia deliberada do empresário de desconstruir a Lava Jato, explorar possíveis dissidências entre policiais federais, destruir provas e supostamente chantagear pessoas para se livrar do cerco da Justiça.

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As mensagens foram cruciais para que o juiz Sergio Moro defendesse que Marcelo Odebrecht continuasse preso. Em ofício do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por exemplo, o magistrado disse haver indícios de que o empresário participava das irregularidades desvendadas no escândalo do petrolão, como formação de cartel, fraude em licitações e corrupção de agentes. Para Moro, é “improvável” que Marcelo Odebrecht não tivesse conhecimento dos crimes de que a companhia é acusada ou mesmo que as supostas irregularidades fossem iniciativa exclusiva de subordinados da empresa. “O quadro probatório aponta, em cognição sumária, para o envolvimento profundo da Odebrecht no esquema criminoso que comprometeu a Petrobras. As provas têm desde a decretação da prisão apenas se avolumado”, afirmou o juiz na ocasião.

Relatório da Polícia Federal com base em mensagens extraídas do celular de Marcelo revela o amplo leque de políticos com os quais ele tinha contato e seu esforço para utilizar siglas e mensagens codificadas para anotar as ações. De acordo com o documento, ele lançou mão de uma estratégia de confrontar as investigações da Lava Jato que contaria com “policiais federais dissidentes”, dupla postura perante a opinião pública, apoio estratégico de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ataques às apurações internas da Petrobras. A PF avalia que o empreiteiro buscava criar “obstáculos” e “cortinas de fumaça” contra a operação Lava Jato.

Para Odebrecht, porém, Ministério Público e Polícia Federal fizeram interpretações deturpadas. “Fica evidente a distorção dos fatos com o objetivo malicioso de atribuir a mim uma intenção de fuga completamente infundada. Trata-se de uma iniciativa não apenas ilegal, como cruel, apenas para me sujeitar a pedido de prisão preventiva”, disse o executivo. Em sua explicação, ele resumiu as diversas mensagens apreendidas como espécie de lembretes para discutir melhorias na empresa ou mesmo uma modalidade de clipping de reportagens de imprensa sobre a Operação Lava Jato.

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Na avaliação de Moro, as provas indiciárias contra a construtora Odebrecht não se resumem a declarações feitas em delação premiada, mas em documentos, como o e-mail em que executivos da empresa discutiram a contratação de navios-sonda e a possibilidade de “sobrepreço” de até 25.000 dólares por dia. Na versão da defesa de Marcelo Odebrecht – ele próprio um dos destinatários da mensagem eletrônica – a palavra “sobrepreço” não seria superfaturamento, mas uma tradução do termo técnico em inglês “cost plus fee”, usado pelo mercado para designar valores adicionais cobrados por serviços extraordinários. “É um absurdo que um assunto mais do que esclarecido pelo autor do e-mail, pela mídia, pelo mercado e até mesmo pelo delator Pedro Barusco, a quem o Ministério Público confere ampla credibilidade, tenha causado a minha prisão. Não bastasse isso, esse mesmo e-mail ainda serviu de base para oferecimento de nova denúncia contra mim e de justificativa para buscas e apreensões em escritórios de empresas do Grupo Odebrecht”, disse o executivo ao rebater as suspeitas sobre o termo “sobrepreço”.

Ele ainda negou ter pago ou mandado pagar propina em troca de benefícios em contratos com a Petrobras, disse que não movimenta contas bancárias ou faz operações financeiras em nome da Odebrecht e informou que nunca ouviu falar no Clube do Bilhão ou da participação de executivos da companhia no esquema de fraude em contratos da Petrobras. “Há mais de quinze anos não assino nem mesmo um cheque em nome das empresas da organização, tampouco ordeno ou controlo operações financeiras”. O executivo, que teve a prisão decretada em junho, classificou como ser um “absurdo” falar que se reuniu com empreiteiros concorrentes para discutir fraudes e disse que o sistema descentralizado da Odebrecht não lhe dava atribuições para interferir na negociação sobre o andamento de obras, por exemplo.

“Nunca me envolvi em questões específicas de licitações, tampouco participei de negociações de contratos com qualquer cliente, nem com a Petrobras”. “Eu não participava de licitações, muito menos de negociações de contratos de nenhuma das empresas do Grupo, ou de orçamentação para apresentação de propostas”, completou. Na manifestação entregue a Moro, Marcelo Odebrecht disse que não conhece o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco nem o doleiro Alberto Youssef e afirmou que só conheceu o ex-diretor da estatal Renato Duque depois que foi preso. Apesar de o Ministério Público apresentar o nome de Bernardo Freiburghaus como operador da Odebrecht no esquema de distribuição de propina a agentes públicos, o executivo também declarou que “a alegação de que ele é ou foi uma pessoa ligada a Odebrecht não é verdadeira”.

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