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O plano de José Dirceu para escapar das condenações da Lava-Jato

Assim como Lula, petista, que já foi julgado e preso por corrupção, vasculha acervo de mensagens hackeadas em busca de provas de perseguição política

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 mar 2022, 10h54

Condenado a mais de 40 anos de prisão por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-ministro José Dirceu traçou um plano minucioso para se aproveitar do desgaste de imagem do ex-juiz Sergio Moro e tentar anular as duas sentenças que o colocaram atrás das grades por recebimento de propina no escândalo do petrolão. Oficialmente o ex-todo-poderoso chefe da Casa Civil petista não tem acesso aos cerca de sete terabytes de mensagens hackeadas de Moro e de procuradores da Lava-Jato, mas como o acervo foi fornecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Lula, aliados de Dirceu receberam cópia do material e buscam evidências de uma suposta parcialidade do então magistrado também contra ele.

A ideia é, a partir do universo de mensagens utilizadas pela defesa de Lula para anular, junto ao Supremo, todas as condenações e processos com as digitais de Moro, procurar elementos que possam comprovar que a Lava-Jato perseguiu  José Dirceu e que supostamente usou meios heterodoxos e conluio com outras instituições para sentenciar e prender o ex-homem forte do PT. Como o acervo é monumental – foram necessários, por exemplo, cinco dias apenas para que a Justiça pudesse copiar o material para ceder aos advogados de Lula – um dos primeiros passos é tentar encontrar diálogos dos procuradores de Curitiba relacionados ao ex-ministro que possam demonstrar algum suposto interesse político do Ministério Público em incriminar o petista.

Um episódio considerado “mal explicado” é o ponto de partida da busca de Dirceu no acervo da Vaza-Jato. Na tarde do dia 2 de maio de 2017, a Segunda Turma do STF programara-se para julgar um habeas corpus que pedia a liberdade do ex-ministro depois de, na semana anterior, já ter concedido o mesmo benefício a dois outros condenados no petrolão, o pecuarista José Carlos Bumlai e o ex-assessor João Cláudio Genu. Na manhã do mesmo dia, porém, em Curitiba, a Lava-Jato apresentou uma nova denúncia contra o petista, acusando-o de ter recebido 2,4 milhões de reais das empreiteiras UTV e Engevix em troca de contratos com a Petrobras.

Na época, o então chefe da força-tarefa Deltan Dallagnol afirmou que “houve a precipitação” da apresentação da denúncia diante da iminência do julgamento no STF. Com o acesso às mensagens, José Dirceu tenta comprovar que, assim como Lula, a Lava-Jato também o tinha como alvo preferencial e teria atuado fora das regras previstas em lei para o condenar. Se conseguir convencer a Justiça de que houve parcialidade e perseguição política da Lava-Jato, seus processos podem ser anulados, apagando a ficha criminal escrita em Curitiba.

Sob a pena de Sergio Moro, Dirceu foi condenado em maio de maio de 2016 por recebimento de propinas da Diretoria de Serviços da Petrobras e em março de 2017 também por ter recebido vantagens indevidas, segundo a acusação lavadas, entre outros, em viagens de jatinho. Ele foi preso quatro vezes ao longo da atuação da força-tarefa de Curitiba e atualmente está respondendo aos processos em liberdade. Antes da Lava-Jato, o ex-braço direito de Lula já havia sido condenado a sete anos de prisão por corrupção no caso do mensalão.

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