O petismo pode ter enterrado de vez o carlismo na Bahia
Mesmo em sua estreia eleitoral, Jerônimo Rodrigues superou ACM Neto, principal herdeiro da família mais tradicional da política no estado
O ex-secretário da Educação Jerônimo Rodrigues (PT) foi eleito governador da Bahia em sua estreia eleitoral. Ancorado na popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva no estado, o petista derrotou o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), por 52,56% a 47,44%, com mais de 97% das urnas apuradas, e estendeu por mais quatro anos o mandato do partido que governa o estado desde 2007.
A vitória em segundo turno confirma a tendência apontada no primeiro, quando Jerônimo ficou a meio ponto percentual de liquidar a fatura — fez 49,45% contra 40,8% de ACM. A soma dos 9% de eleitores que votaram no bolsonarista João Roma (PL), com quem o ex-prefeito contava para a vitória, não foram suficientes para bater o petista. Roma tampouco anunciou apoio a Neto, uma vez que o político do União Brasil não endossou a candidatura de Jair Bolsonaro no estado.
Apesar de estender a hegemonia do PT no estado — Jacques Wagner governou de 2007 a 2014, enquanto Rui Costa é o atual mandatário desde 2015 –, o resultado pode ter enterrado de vez o carlismo, nome dado ao grupo político formado em torno do ex-senador e ex-governador Antônio Carlos Magalhães, que governou a Bahia por três vezes entre as décadas de setenta e noventa, e Luís Eduardo Magalhães, ex-presidente da Câmara dos Deputados representando o estado.
Principal herdeiro político da família, ACM Neto foi deputado federal entre 2003 e 2012, prefeito de Salvador entre 2013 e 2021 (depois, elegeu Bruno Reis seu sucessor) e presidente nacional do Democratas até fevereiro de 2022, data em que o partido se fundiu com o PSL e criou o União Brasil. Ou seja, o herdeiro, que antes da atual só havia perdido uma eleição para prefeito em 2008, pela primeira vez em vinte anos não ocupará um cargo público.
Pouco conhecido até no cenário baiano, Jerônimo Rodrigues tem 57 anos, é professor universitário, engenheiro agrônomo e nunca havia concorrido a uma eleição, apesar de ser filiado ao PT desde 1990. Rodrigues coordenou a campanha de Rui Costa, que se elegeu governador em 2015 e, durante os dois mandatos do petista, foi secretário da Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento Agrário e da Educação.