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O peso da meta fiscal no futuro político do governo, de Lula e de Haddad

O desempenho de um ministro da Fazenda costuma ser decisivo para o sucesso ou o fracasso de uma gestão e de seu respectivo grupo político

Por Daniel Pereira 12 nov 2023, 17h13

O presidente Lula decidirá em breve se manterá a meta de zerar o déficit primário em 2024, defendida pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), ou se abrandará a meta, a fim de permitir mais gastos públicos no próximo ano, como querem o chefe da Casa Civil, Rui Costa, a comandante do PT, deputada Gleisi Hoffmann, e um monte de líderes partidários.

Nos últimos dias, Lula deu declarações que sinalizam simpatia pelo abrandamento da meta. Fragilizado pelo chefe, Haddad reagiu e conseguiu convencê-lo a adiar um pouco a mudança de planos. A questão continua indefinida, rende uma intensa queda de braço nos bastidores e, a depender do seu desfecho, pode prejudicar o trabalho feito até aqui pelo chefe da equipe econômica para convencer diferentes setores de que o governo está empenhado em melhorar a saúde das contas públicas.

Como se sabe, Haddad assumiu a Fazenda sob forte desconfiança. Empresários e banqueiros tinham dúvidas sobre qual caminho ele seguiria na condução da economia: o do primeiro mandato de Lula, marcado pela responsabilidade fiscal, ou o da gestão Dilma Rousseff, que legou ao país uma recessão histórica. Na própria frente ampla que ajudou a eleger o petista havia o temor de que o ministro não resistiria ao fogo amigo do PT.

Apesar de ter sido derrotado logo no primeiro ato do governo, que decidiu por conveniência política adiar por alguns meses a reoneração dos combustíveis, Haddad colheu vitórias e conseguiu desanuviar o ambiente econômico. Pautas prioritárias avançaram no Congresso, índices de inflação e emprego melhoraram, e ele manteve firme o compromisso de zelar pelas contas públicas. A situação parecia bem encaminhada até Lula deixar em dúvida se está fechado com o auxiliar na questão da meta fiscal. 

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Um capítulo recente da história do país joga a favor de Haddad. Nos últimos anos, ministros da Fazenda foram decisivos para o sucesso ou o fracasso de governos e de seus respectivos grupos políticos. Embalado pelo Plano Real, Fernando Henrique Cardoso saltou da Fazenda para dois mandatos presidenciais. A austeridade fiscal de Antonio Palocci, elogiada até pela oposição, ajudou na conturbada governabilidade do primeiro mandato de Lula, marcado pelo escândalo do mensalão. Já Guido Mantega foi protagonista da derrocada econômica protagonizada por Dilma Rousseff.

Em seu terceiro mandato, Lula conhece bem os diferentes caminhos, o da gastança desenfreada e o da responsabilidade fiscal. Sabotar seu próprio ministro, além de ser um desserviço ao país, pode ser um sonoro tiro no pé até em termos eleitorais. Basta olhar no retrovisor.

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