Anunciado como novo ministro do Esporte, o líder do PP na Câmara, André Fufuca (MA), já tem um embate marcado com o titular da Fazenda, Fernando Haddad, um dos quadros mais poderosos da Esplanada. Para aderir ao governo Lula, o Centrão aceitou assumir o Esporte desde que a pasta fosse turbinada com a área de apostas esportivas, que movimenta de 100 bilhões de reais a 150 bilhões de reais por ano no Brasil, segundo estimativas de técnicos da Fazenda.
Já é certo que o Ministério do Esporte ficará com pelo menos 3% da arrecadação obtida com a cobrança de tributos sobre as empresas de apostas esportivas, que deve render de 2 bilhões a 12 bilhões de reais por ano. Essa perspectiva de novos recursos ajudou a convencer o Centrão. Mas ainda há dúvida sobre o destino da secretaria que será criada para definir as normas do setor. Entre outras funções, ela terá de decidir sobre os pedidos das empresas para atuar no país.
Pelas regras propostas, cada empresa terá de desembolsar 30 milhões de reais para conseguir as outorgas. Na estimativa mais conservadora, de 40 a 60 tentarão as outorgas tão logo a regulamentação seja aprovada. Na mais otimista, serão de 80 a 100. A Fazenda quer manter a secretaria, tão qual desenhado inicialmente, sob seu guarda-chuva, sob a alegação de que a nova estrutura também lidará com temas como meios de pagamento, lavagem de dinheiro e mecanismos de combate a fraudes em apostas.
Tais argumentos não comovem o Centrão. Majoritário na Câmara, o grupo pretende se valer da força do voto para que a secretaria fique no Esporte e, assim, garantir uma vitória do novato Fufuca sobre Haddad.