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No PL de Valdemar, o liberalismo de Paulo Guedes não tem vez

Em vídeo endereçado a correligionários, presidente do partido que filiará Jair Bolsonaro diz ser contra a privatização de empresas que dão lucro ao governo

Por Daniel Pereira 14 nov 2021, 14h18

Em negociação para abrigar Jair Bolsonaro, o PL é contra a privatização de empresas que dão lucro ao governo e, portanto, contra o plano de desestatização amplo, geral e irrestrito defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Em um vídeo endereçado em setembro aos integrantes do partido, mas divulgado como recado ao presidente da República e seus auxiliares, o comandante do PL, Valdemar Costa Neto, explica as diferenças entre o “liberalismo social”, que orientaria a sua sigla, e “o liberalismo puro”. Condenado no mensalão e investigado pela Operação Lava-Jato, Valdemar não cita nominalmente Guedes, mas registra de antemão a sua resistência a uma eventual tentativa de privatização dos aeroportos Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Congonhas, em São Paulo, que é cogitada pela administração Bolsonaro. A fala do cacique partidário também sugere que ele não aceitará a venda de outras joias da coroa, como a Petrobras, cuja possibilidade de venda voltou a ser mencionada em discursos oficiais — é bem verdade que como cortina de fumaça ou reação de fancaria à alta dos preços dos combustíveis.

“Não é porque nós somos liberais que nós apoiamos, por exemplo, a privatização da Vale do Rio Doce, porque a privatização da Vale do Rio Doce não foi uma privatização, entregaram a empresa de graça. Era uma empresa monstruosa, que faturava uma fortuna, e foi entregue sem critérios. Todas as privatizações que foram feitas no governo Fernando Henrique não tinham critérios, não tinham exigências”, diz Valdemar no vídeo, ecoando um discurso que ainda hoje encontra eco entre petistas. “O camarada comprava uma Telesp em São Paulo e mandava dois mil para a rua. Não tinha exigência. Quer dizer, torrou todo o patrimônio público a preço de banana”, acrescenta. Depois da referência ao passado, Valdemar discorre sobre o que realmente importa: a possibilidade de privatização de Congonhas e Santos Dumont.

“São os aeroportos que pagam as contas dos mais de 40 aeroportos federais que nós temos no Brasil. São os aeroportos que dão lucro para o governo. No governo passado, eles queriam privatizar. Um cidadão passou por aqui e me falou: ‘Valdemar, você é contra a privatização do aeroporto de Congonhas?’. Falei: ‘totalmente contra, o aeroporto de Congonhas que paga a conta’. Ele falou: ‘Mas tem gente interessada’”, lembra o mandachuva do PL no vídeo. “Eu tenho certeza de que tem gente interessada. Quem que não quer comprar o aeroporto de Congonhas? Quem que não quer comprar o Santos Dumont? Mas são os aeroportos que dão lucro para o governo. Então, nós fomos contra”. No fim do ano passado, o governo chegou a divulgar a intenção de conceder os dois aeroportos à iniciativa privada, mas recuou. O vídeo de Valdemar mostra que a ideia não foi de todo descartada.

O PL foi aliado dos governos do PT. Vice de Lula entre 2003 e 2010, o empresário José Alencar, já morto, era filiado à legenda. A sigla sempre teve uma predileção pela área de transportes. Alguns dos afilhados políticos de Valdemar foram denunciados à Justiça por esquemas de corrupção em contratos, por exemplo, para a construção de ferrovias. Esse tipo de biografia era repudiado pelo candidato Jair Bolsonaro em 2018. Já o presidente Bolsonaro, que tentará a reeleição em 2022, aliou-se justamente a quem prometia combater na campanha presidencial passada, como conta  uma reportagem da nova edição de VEJA. A filiação ao PL é só a mais recente prova da volta de Bolsonaro — um ex-deputado de baixo clero com quase 30 anos de mandato parlamentar e quase uma dezena de partidos no currículo — às suas origens.

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