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Na guerra ao Uber, taxistas ameaçam incendiar qualquer carro preto

Áudios que circulam entre a categoria falam em 'derramamento de sangue'. Prefeitura de São Paulo condena agressões

Por Da Redação
3 fev 2016, 17h37

Mensagens de áudio compartilhadas em grupos de WhatsApp usados por taxistas prometem uma guerra contra o Uber. Homens que seriam motoristas de frotas de táxi ameaçam incendiar qualquer carro preto que apareça no caminho deles como forma de protesto à decisão da Justiça que proíbe o Departamento de Transporte Público (DTP) de apreender carros que prestam serviço pelo aplicativo

Os áudios foram compartilhados na noite desta terça-feira e, além de incitar a violência, garantem que vão parar os Aeroportos de Congonhas e Guarulhos, rodoviárias e citam o presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de São Paulo (Sintetaxi-SP), Antonio Matias, o Ceará.

Procurada, a entidade afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que as mensagens podem ter sido “plantadas” entre a categoria e que cabe à Polícia Civil investigar os autores das publicações. O Simtetaxi ainda afirmou que “repudia” qualquer tipo de violência e está amparado pelo Legislação trabalhista para realizar manifestações pacíficas contra o aplicativo.

Mas na semana passada, o presidente da entidade compartilhou um vídeo nas redes sociais incitando a violência. “Agora é cacete, prefeito”, afirmou. Posteriormente, afirmou ter sido “mal interpretado”. Nos áudios de WhatsApp, a categoria promete violência contra qualquer motorista que esteja dirigindo um carro semelhante aos modelos utilizados pela Uber.

Os áudios ameaçam tanto a Uber quanto os motoristas de carros de passeio. “A gente tem que se reunir mesmo e colocar fogo em cada carro preto que a gente vir na rua. Aí eles vão botar fé na gente. F. se é Uber ou não é. Por mim eu já começava a botar fogo agora. Viu o carro preto parado? Bota fogo. Vamos ver se rapidinho eles não dão um jeito”, disse um dos supostos taxistas.

Outro responde: “Rapaziada, como sou mais um frotista estou pouco me lixando. Vamos para cima botar fogo. Vamos lutar pelos nossos ideais e que se f. político e polícia. Se a gente não lutar vamos perder espaço e perder tudo.”

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“Conversa com o Ceará e o Satanás. A guerra para o país ser liberto não morreu gente e derramou sangue? Para gente ser liberto dessa maldita empresa (Uber) a gente derruba sangue. Morre alguém vem um outro e assume. Ninguém quer ser herói morto, mas vamos brigar por nossas famílias e nossos direitos. Vamos quebrar”, afirma um outro taxista de frota, pedindo para os colegas entrarem em contato com o presidente do sindicato.

A entidade, no entanto, rebateu a mensagem. “O presidente Antonio Matias e nenhum diretor, até o momento foram procurados por taxistas sobre este tipo de ação. E se procurados, não vão apoiar o movimento que vai na contramão da luta pelo respeito à lei municipal que proíbe o uso do transporte clandestino”, afirmou o Sintetaxis.

Para um dos integrantes do grupo de WhatsApp, os carros do aplicativo já poderiam ter sido queimados na última quinta-feira, quando taxistas cercaram carros da Uber que atendiam passageiros do Hotel Unique, durante uma festa. “É isso aí. Tem que ir para cima. Tinha que ter feito isso no Unique e começar a tacar fogo por lá.”

Não ouviram – Dentro de um ônibus no corredor da Avenida Inajar de Souza, Zona Norte da capital, inaugurado nesta quarta-feira, o prefeito Fernando Haddad tomou conhecimento por jornalistas dos áudios de taxistas que prometem atacar motoristas do Uber. Haddad manifestou surpresa e, após a coletiva, quis saber do secretário de Transportes Jilmar Tatto se as gravações estavam sendo compartilhadas por WhatsApp. O secretário também não sabia da mobilização virtual da categoria.

Em seguida, o petista condenou os ataques e agressões cometidos por taxistas contra motoristas da Uber e afirmou que as ações não são representativas da categoria. Segundo o prefeito, “violência restringe o debate”, além de ser “antidemocrática”. Haddad disse que, toda semana, tem dialogado com taxistas por telefone ou pessoalmente. “A categoria entende que a municipalidade está buscando uma alternativa que respeite o trabalho deles, mas abra espaço para regulação. Estamos tentando construir, fazendo isso em diálogo com eles e com a sociedade. Não estamos impondo. Está havendo diálogo amplo”.

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“Estamos no meio de uma discussão regulatória. É disso que estamos tratando agora. A hora em que chegarmos a uma conclusão de qual é o melhor modelo regulatório, você vai ter o sistema de garantias para todo mundo trabalhar em paz”, disse. “Mas antes disso o debate está aberto. Você vai interditar o debate com violência no momento em que esta sendo discutido?”. Em relação às agressões praticadas por alguns taxistas, o prefeito destacou que “nunca viu ninguém” se associar à violência no Brasil e “levar vantagem”. “As pessoas não gostam disso”, afirmou.

Histórico de violência – Os ataques de taxistas contra motoristas do Uber acontecem desde o ano passado. No dia 10 de agosto, por exemplo, um grupo armou uma emboscada, solicitando o serviço por aplicativo. Quando o automóvel chegou no local, diversos taxistas o esperavam. O motorista de 22 anos foi feito refém dentro de um carro, foi espancado e teve seu veículo depredado.

Em 30 de novembro, foi a vez de dois passageiros do aplicativo serem agredidos, na Rua Voluntários da Pátria, em Santana, na Zona Norte da capital. Uma das vítimas ficou ferida na cabeça após um golpe com uma chave de roda.

No dia 5 de janeiro, cinco taxistas armados de barra de ferro depredaram o carro de Rafael Rodrigues Quessada, de 22 anos, que era ex-taxista e tinha entrado há pouco tempo na Uber. Ele blindou o carro após o ataque.

(Com Estadão Conteúdo)

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