Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Na casa de Cunha, clima de velório após afastamento

Visivelmente abatido, peemedebista recebeu romaria de aliados nesta quinta-feira

Por Da Redação 5 Maio 2016, 22h34

O tradicional refúgio de deputados que lutavam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff transformou-se, nesta quinta-feira, em um silencioso e melancólico espaço de consolação a uma figura que, assim como Dilma, começa a se ver longe do poder. Logo após ser surpreendido nas primeiras horas do dia com a notificação de que fora afastado do comando da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) começou a receber na residência oficial uma romaria de aliados – em quantidade, vale ressaltar, bem menor do que aqueles 367 votos que chancelaram a aprovação do impedimento de Dilma e dos 267 deputados que, há 15 meses, o conduziram à cadeira presidencial.

Após deixar “plantados” por algum tempo os oficiais que se encaminharam ao Lago Sul, luxuoso bairro de Brasília, para notificá-lo da decisão, Cunha assinou o termo e reuniu-se com advogados e deputados mais próximos. Entre eles, esteve Paulinho Pereira (SD-SP), presidente da Força Sindical que, tamanha é a amizade, estendeu um cartaz diante da moradia do peemedebista exaltando a sua atuação em prol de projetos trabalhistas. Visivelmente abatido, Cunha não escondeu a surpresa com a decisão monocrática do ministro Teori Zavascki de suspendê-lo tanto da presidência da Câmara quanto do mandato. A determinação se deu na madrugada desta quinta-feira, e forçou o Supremo Tribunal Federal (STF) a mudar sua pauta, embora não o tema em debate: estava prevista a discussão de uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) interposta pela Rede, também visando ao afastamento de Cunha; no seu lugar, o plenário avaliou e ratificou, por unanimidade, a sentença do ministro Teori.

LEIA TAMBÉM:

Por unanimidade, STF suspende mandato de Cunha

Afastado pelo STF, Cunha fala em retaliação política

Continua após a publicidade

“A pior notícia que se esperava nesta quinta-feira era algo em relação à linha sucessória, como um afastamento ocasional se Cunha tivesse de assumir a presidência da República. Tirá-lo do comando da Câmara, ninguém esperava. E, suspender o seu mandato, nem mais o otimista de seus adversários imaginaria”, disse um deputado que passou esta manhã na casa de Cunha.

De terno e gravata, o agora suspenso da Câmara recebeu seus apoiadores na sala principal de sua casa, onde, todas as terças-feiras, tradicionalmente reunia os deputados mais próximos. Em um entra e sai constante, os parlamentares iam chegando e se aproximando de Cunha com palavras de apoio e parceria. Individualmente, demonstravam indignação com a medida. Sobraram ataques à decisão de Teori Zavascki, classificada como “inusitada” e uma “intromissão” na esfera do Legislativo. “O Brasil está nas mãos do poder Judiciário. O Supremo chegou à conclusão de que Cunha não sairia pelo voto dos deputados e deu uma canetada”, afirmou um parlamentar.

As críticas ao STF eram intercaladas com aquelas direcionadas ao sucessor direto de Eduardo Cunha, o deputado do baixo clero Waldir Maranhão (PP-MA). Nas conversas, chegou-se a dizer que Maranhão à frente da Casa seria um “desespero”, devido à sua falta de representatividade e de capacidade para conduzir a pauta. “Ele não aguenta dez minutos de pressão”, afirma um aliado de Cunha.

A preocupação maior, no entanto, é ver todas as prerrogativas até hoje esgrimidas por Cunha nas mãos de um deputado que, apesar de até recentemente ser considerado um aliado, não cumpriu o compromisso de apoiar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apontado como “nada confiável”, Maranhão tem, agora, o poder de dar seguimento a pedido similar apresentado contra o vice-presidente Michel Temer.

Continua após a publicidade

Uma série de medidas para afastar o novo presidente da Câmara do cargo foi discutida. Cunha, que pode ir para o tudo ou nada, tem uma cartada. Se renunciar, o peemedebista força a convocação de novas eleições e na prática sela o destino de Maranhão, que dificilmente seria eleito em voto direto. São aventados nomes para entrar em uma disputa pela presidência da Câmara, entre eles Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO) – presidente e relator, respectivamente, da comissão especial do impeachment. Ambos indicados por Cunha.

Ao lado de seus advogados, Eduardo Cunha decidiu recorrer da decisão do Supremo, que, por 11 votos a 0, confirmou a liminar de Teori Zavascki. A cúpula da Câmara dos Deputados, toda indicada por Cunha, também prepara recursos. Mas uma reversão da sentença, após votação unânime, não é esperada. “É muito difícil que aconteça”, admite um aliado.

Ao contrário do que costuma fazer, Cunha não voltou ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira. Ele permanece na residência oficial recebendo aliados – prática que está com os dias contados. O peemedebista, caso não consiga mudar o entendimento do STF, terá de deixar a moradia exclusiva do presidente da Câmara em até 30 dias.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.