MP apura se gás lacrimogêneo matou manifestante no Rio
Ator teve complicações respiratórias após protesto de 20 de junho deste ano
O Ministério Público do Rio de Janeiro começa a apurar a partir desta segunda-feira se a morte de um manifestante, na semana passada, tem relação com o gás lacrimogêneo que ele teria inalado durante um protesto no dia 20 de junho deste ano. A manifestação reuniu mais de 300 000 pessoas em uma passeata pacífica pelo Centro da cidade, mas terminou em uma tentativa de invasão à prefeitura, que levou a uma reação da Polícia Militar com bombas de efeito moral e gás de pimenta.
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O ator Fernando da Silva Cândido, que sofria de nanismo, participou do ato protestando pelos direitos dos anões. Cinco dias depois, ele apresentou problemas respiratórios e foi internado no Hospital Israelita Albert Sabin, onde morreu em decorrência de um agravamento do problema, no último dia 31 de julho. Segundo os médicos, o paciente tinha histórico de doença pulmonar. Amigos afirmam que ele respirou uma grande quantidade de gás lacrimogêneo.
“Com certeza o fato de ter respirado o gás fez com que a condição dele piorasse”, disse Vitor Gracciano, o amigo que acompanhava Cândido na manifestação. “Estávamos na (estação ferroviária) Central do Brasil e falei para o Fernandão que era melhor irmos embora. Mesmo assim, ainda respiramos muito gás, que tomou conta do lugar”, detalha. No dia seguinte, Cândido começou a se sentir mal, segundo o amigo. Acabou hospitalizado três dias depois porque vomitava sangue.
Segundo a Coordenadoria de Direitos Humanos do MP, o procedimento para investigar as circunstâncias da morte foi aberto no sábado e será encaminhado à Central de Inquéritos e à Auditora Militar.
Vídeo: Protesto no Rio termina em pancadaria e destruição (20/6)