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Ministro da Indústria e Comércio pede demissão a Temer

Marcos Pereira alega que deixará a pasta para tratar de 'questões pessoais e partidárias'. É a segunda baixa no governo em uma semana

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jan 2018, 19h43 - Publicado em 3 jan 2018, 13h49

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, pediu demissão ao presidente Michel Temer (PMDB) nesta quarta-feira. Pereira, que é presidente licenciado do PRB e pastor licenciado da Igreja Universal, estava no cargo desde que o peemedebista assumiu o Palácio do Planalto, em maio de 2016.

Na carta de demissão apresentada ao presidente, Marcos Pereira afirma que deixa o ministério para tratar de “questões pessoais e partidárias”. “Senhor presidente, agradeço imensamente a confiança, fico lisonjeado pelo convite para continuar no cargo até 31 de dezembro, porém preciso deixar o ministério para poder me dedicar a questões pessoais e partidárias”, justifica.

Em outro trecho do texto, Pereira diz ter “orgulho” de ter participado do governo Temer e remete à impopularidade do presidente, rejeitado por 71% da população, conforme o mais recente Datafolha, afirmando que isso “não quer dizer absolutamente nada”. “Popularidade não quer dizer absolutamente nada. Como disse Confúcio, ‘o homem de palavra fácil e personalidade agradável raras vezes é homem de bem’. Há muitos por aí que comovem multidões, mas a exemplo do conto ‘O flautista de Hamelin’, encantam e arrastam milhares para o abismo”, escreveu.

O pedido de exoneração se dá no dia seguinte à divulgação, pelo ministério, do superávit recorde na balança comercial brasileira: 67 bilhões de reais em 2017, melhor resultado da série histórica, iniciada em 1989. O montante é resultado de exportações de 217,746 bilhões de reais e importações de 150,745 bilhões de reais no ano.

Essa é a segunda baixa no governo Temer em uma semana e a terceira em menos de um mês. Na quarta-feira passada, Ronaldo Nogueira (PTB), ex-ministro do Trabalho, pediu para deixar o cargo. O PTB havia escolhido o deputado federal Pedro Fernandes (MA) para suceder a Nogueira. Após veto do ex-presidente José Sarney (PMDB), rival de Fernandes no Maranhão, no entanto, Temer recuou na nomeação nesta terça-feira e pediu ao partido que indique outro nome. No início de dezembro, o então ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB), pediu exoneração e foi substituído por Carlos Marun (PMDB).

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Ministro gravado por Joesley

Assim como o presidente Michel Temer, Marcos Pereira também foi alvo do gravador do empresário e delator Joesley Batista, sócio do Grupo J&F, que controla a JBS. A gravação de uma conversa com Pereira foi feita por Joesley para comprovar o trecho de sua delação premiada em que afirma ter pagado 6 milhões de reais em propina ao ministro.

No áudio, revelado por VEJA em outubro de 2017, Marcos Pereira diz estar muito feliz no governo Temer. Joesley, então, puxa o assunto sobre os pagamentos: “ Eu não lembro mais a conta”, provoca. O ministro responde: “Meia cinco zero”. Marcos Pereira ressalta que já haviam se reunido cinco vezes. Joesley faz as contas: “Uma… Cinco e quinhentos… Cinco vezes cinco… Cinco de quinhentos dá… Dois e quinhentos, tá”, diz Joesley, que continua somando: “Mais uma, dá mais quinhentos (…) “Três e seiscentos e cinquenta. Três seiscentos e cinquenta”. Joesley pede que o ministro inclua em suas anotações o valor do pagamento daquele dia: “Então, anota aí… Mais seiscentos e vinte”. O ministro concorda com os cálculos: “Seis, é isso aí… É isso aí”.

Ouça aqui o áudio da conversa entre Joesley Batista e Marcos Pereira.

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Segundo Joesley disse ao MPF em sua delação, a propina foi paga para conseguir um empréstimo de 2,7 bilhões na Caixa Econômica Federal, ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Na época, o empresário foi procurado por Antônio Carlos Ferreira, vice-presidente do banco, que ocupava o cargo por indicação do PRB, que o orientou a falar com Marcos Pereira. Conforme o empresário, a propina foi repassada em parcelas, sendo a última delas entregue nas mãos do ministro.

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