Uma diretora da Fundação Nacional do Índio (Funai) cuja exoneração havia sido pedida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, continua trabalhando normalmente após sua demissão não ter sido publicada no Diário Oficial da União pela Casa Civil. Segundo o site do jornal O Globo, Azelene Inácio, diretora de Proteção Territorial da Funai, afirmou que se sente “dentro do governo do PT” por estar sofrendo uma “perseguição” e que Moro “está sendo induzido ao erro”.
Conforme o desenho do governo Jair Bolsonaro, a Funai deixou de ser uma atribuição da pasta agora comandada por Moro e passou a ser subordinada ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado pela ministra Damares Alves.
Ao jornal, a assessoria de Sergio Moro afirmou que o pedido de exoneração partiu dele por uma “questão meramente administrativa” e que o ministro agiu para atender a um pedido de Damares. A pasta dos Direitos Humanos, por sua vez, falou em “articulação entre os dois ministérios” na decisão de trocar toda a diretoria da Funai.
Segundo Azelene disse a O Globo, contudo, ela segue dando expediente normalmente no órgão. A diretora da Funai relatou ter conversado com Damares Alves na terça-feira 8 e ouvido da ministra que ela estava “espantada” pelo pedido de exoneração feito por Moro.
Conforme o jornal, a demissão determinada pelo ministro teria como motivo uma investigação sobre um suposto caso de conflito de interesses envolvendo Azelene Inácio.
O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou ao blog da jornalista Andreia Sadi, no portal G1, que a demissão não foi oficializada por um problema burocrático e que será o novo presidente da Funai quem fará a troca da cúpula do órgão. Nesta segunda-feira foi confirmado para o cargo o nome do general Franklimberg de Freitas, que já havia comandado a instituição no governo Michel Temer.
O caso da diretora de Proteção Territorial da Funai é o segundo em menos de uma semana em que um servidor continua trabalhando mesmo depois de ter a demissão pedida por um ministro. Na semana passada, o chanceler Ernesto Araújo anunciou no Twitter a saída de Alex Carreiro, então presidente da Apex, mas ele continuou no cargo por mais um dia, até o presidente Jair Bolsonaro oficializar sua demissão.