Mercado rejeita cada vez mais o governo, mas continua enamorado por Haddad
Avaliação negativa da gestão Lula cresceu 12 pontos, enquanto que a aprovação ao ministro subiu sete pontos entre novembro e março
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 20, mostra que o mercado financeiro faz análises bem diferentes sobre a atuação do governo, cada vez mais rejeitado, e a do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cujo prestígio continua em alta entre gestores de dinheiro graúdo.
Segundo o levantamento, que consultou fundos de investimento com sede no Rio de Janeiro e em São Paulo, 64% dos entrevistados consideram negativa a gestão Lula, doze pontos percentuais a mais do que na rodada anterior, em novembro passado.
Já no caso de Haddad, houve uma recuperação de imagem. Em novembro, 43% diziam que o trabalho dele era positivo. Agora, são 50%. Já a taxa de reprovação no mesmo período caiu de 24% para 12%. Do total de entrevistados, 51% afirmam que o ministro está mais forte agora do que no início do mandato, enquanto apenas 14% declaram o contrário.
Efeito Lula
Conhecido por seu otimismo inabalável, o presidente da República pode dizer que a situação poderia estar pior, já que o mercado financeiro nunca escondeu seu desapreço por ele. Em março de 2023, 90% dos entrevistados entre fundos de investimento faziam uma avaliação negativa do governo. O percentual chegou a cair para 44% em julho, com o avanço da pauta econômica no Congresso, mas desde então subiu de forma gradativa até acelerar entre novembro e março, atingindo 64%.
Lula é um catalisador desse processo de corrosão de imagem ao alimentar a suspeita de que pode haver mais intervencionismo estatal na economia. Segundo a Genial/ Quaest, 97% consideraram errada a decisão da Petrobras, chancelada pelo presidente, de não pagar dividendos extras aos acionistas.
Além disso, 57% disseram ter mudado a carteira de investimentos em razão das falas do presidente sobre a Petrobras e a Vale. A mineradora teve de resistir a uma ofensiva do Palácio do Planalto, que queria emplacar no comando de seu conselho de administração o ex-ministro Guido Mantega.
O fiador
Responsável por conduzir a política econômica e até aqui segurar a pressão por mais gastos públicos, Haddad chegou a ter o seu trabalho considerado positivo por 65% dos entrevistados do mercado financeiro, em julho de 2023. Nos meses seguintes, perdeu musculatura, mas, na virada do ano, voltou a ganhar fôlego.
O pessimismo com os rumos da economia, que cresceu entre o eleitorado de uma forma geral, diminuiu entre os consultados dos fundos de investimento. Entre eles, caiu de 55%, em novembro, para 32%, agora em março, a parcela dos que acham que a economia vai piorar nos próximos doze meses.