Lula se reúne com senadores do PT para tratar do caso Palocci
Empresa do ministro da Casa Civil faturou 20 milhões de reais, metade depois da eleição de Dilma, em 2010
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se nesta terça-feira com a bancada de senadores do PT. Ele foi recebido para um almoço na casa do ministro Paulo Bernardo (Comunicações) e da senadora Gleisi Hoffmann (PT). O prato principal era a reforma política, mas alguns parlamentares ouvidos pelo site de VEJA confirmaram que Lula tratou também da questão que mais preocupa o PT atualmente: a crise no governo provocada pelas denúncias contra o ministro Antonio Palocci (Casa Civil).
Lula pediu à bancada que aja de forma unida e que mantenha a blindagem ao ministro no Congresso. “Ele disse que o importante é que nós estejamos a defender um companheiro que age com seriedade. Temos razões para confiar no procedimento dele”, disse Eduardo Suplicy (SP).
A tese sustentada pelos petistas é a de que Palocci irá se explicar à Procuradoria Geral da República, que pediu informações ao ministro.”Como houve essa representação, o ministro terá a oportunidade de se explicar”, afirmou o líder da bancada, Humberto Costa (CE). Não por acaso, logo que deixou o encontro, ele seguiu para o Senado e subiu à tribuna da casa para defender Palocci.
Palocci multiplou por 20 o seu patrimônio nos últimos quatro anos, quando paralelamente à sua atuação como deputado federal manteve uma empresa de consultoria, a Projeto. Em 2006, o faturamento da empresa foi pouco superior a 100.000 reais. Em 2010, saltou para 20 milhões de reais, sendo que o grosso dos recursos (10 milhões de reais) entrou nos cofres da Projeto nos dois últimos meses daquele ano, quando Dilma Rousseff já estava eleita e Palocci ocupava uma posição de destaque no grupo de transição que preparava as medidas do novo governo.
Havia uma grande expectativa entre os petistas de que o ex-presidente desse uma declaração pública de apoio Palocci. Mas Lula evitou se pronunciar sobre o caso.