Lula e Okamotto desistem de Sarney e Kassab como testemunhas
Depoimentos a Moro aconteceriam em processo que investiga vantagens ilícitas supostamente recebidas pelo ex-presidente por parte da construtora OAS
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, desistiram de mais testemunhas no processo que investiga recebimento de vantagens ilícitas por parte da construtora OAS, no âmbito da Operação Lava Jato. Em petição enviada ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo caso, a defesa de Okamotto abre mão de ter em seu favor os depoimentos do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), do ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSD) e de Gilberto Carvalho (PT), ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Os advogados do ex-presidente Lula, por sua vez, dispensaram de falar a Moro o ex-presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP). Os defensores de Paulo Okamotto justificam a desistência afirmando que consideram “que as informações úteis que as testemunhas adiante especificadas poderiam prestar no presente processo já foram bem fornecidas pelas demais já inquiridas”.
Com as desistências, a audiência que estava marcada para a manhã desta quarta-feira – que ouviria Sarney, Kassab e Chinaglia – acabou sendo cancelada. A próxima audiência do processo está prevista para sexta-feira. No dia, devem ser ouvidos, por videoconferência, o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, ambos solicitados pelo ex-presidente Lula.
Jucá
Na segunda-feira, a defesa de Lula já havia desmarcado outro depoimento solicitado anteriormente: o do líder do governo de Michel Temer no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O senador, que também é presidente nacional do PMDB, falaria a Moro na terça-feira, em audiência prevista para as 9h30 da manhã. Em ofício de urgência, no entanto, os defensores do ex-presidente solicitaram a Moro que Jucá fosse dispensado.
A justificativa apresentada foi a de que o peemedebista “versaria sobre questões que já foram esclarecidas por outras testemunhas e documentos carreados aos autos”. Em outro ofício, neste mesmo dia, também foram excluídos pela defesa do petista o general Marco Edson Gonçalves Dias, o brigadeiro Rui Chagas Mesquita, o ex-presidente do PT Ricardo Berzoini e o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Tríplex
Nesta ação, Lula é acusado de ter recebido 3,7 milhões de reais em benefício próprio – de um valor total de 87 milhões de corrupção – da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As suspeitas contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio de um tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela empresa Granero entre 2011 a 2016.
Movido pelo Ministério Público Federal e pela Petrobras, o processo tem como réu, além do ex-presidente e de Paulo Okamotto, o ex-presidente da OAS, o empresário Leo Pinheiro.
(Com Estadão Conteúdo)