Loteamento da Caixa não encerrará queda de braço entre Lula e Lira
A lógica da relação entre o presidente e o deputado será sempre a mesma: um tenta ceder o mínimo possível enquanto o outro pede o máximo que puder

Assessores do presidente Lula e integrantes do Centrão esperam que nos próximos dias o governo finalmente distribua cargos de comando da Caixa Econômica Federal a políticos ligados ao deputado Arthur Lira (PP-AL), comandante da Câmara. Numa entrevista recente, Lira afirmou que o banco entrou no acordo fechado para a adesão do Centrão ao governo. Em resposta, Lula negou que o loteamento estivesse acertado, mas tanto no Planalto quanto no Congresso o entendimento é de que isso ocorrerá. Resta saber quando e com qual dimensão.
A negociação em torno da Caixa repete o roteiro das conversas para a entrada de PP e Republicanos no ministério, que demorou três meses para ser consumada. Desde o início de seu terceiro mandato, Lula trata da liberação de verbas e da distribuição de cargos para o grupo político de Lira em troca de apoio no Congresso. A lógica é sempre a mesma: o presidente tenta entregar o mínimo possível e no momento que considera adequado, a fim de mostrar que a autoridade final é dele, enquanto o parlamentar pede o máximo que pode.
O poder de um presidente da Câmara está atrelado à sua capacidade de emplacar no governo os pedidos dos deputados. Lira joga pelos colegas e, principalmente, por ele. Só assim se manterá forte à frente do cargo e com capacidade para eleger o sucessor no comando da Casa. A reivindicação por mais protagonismo dos parlamentares, portanto, jamais acabará. Ontem, o pedido era por ministérios. Hoje, pela Caixa. Amanhã, Lula certamente será apresentado a uma nova fatura.