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Lobista dizia ter tentáculos no CNJ para monitorar casos e barrar investigações

Mensagem mostra conselheiro consultando sistema do colegiado em busca de informações

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 out 2024, 09h10
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  • Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
    Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) (Romulo Serpa/Agência CNJ/Divulgação)

    Criado para punir juízes que se envolvem em irregularidades, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recebeu, em sigilo, autoridades do Mato Grosso dias após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro passado. Portadores de uma informação comprometedora, eles afirmaram ao CNJ que o conteúdo do celular do advogado morto era explosivo e trazia nomes de grandes empresários, juízes, desembargadores e ministros do STJ cujos assessores integrariam um esquema de venda de sentenças judiciais.

    Com o acervo do telefone em poder da Polícia Federal, o que se descobriu agora é que a própria quadrilha alegava ter contatos no colegiado responsável pelo controle externo do Judiciário. O objetivo seria monitorar eventuais processos contra desembargadores parceiros e tentar embarreirar investigações incômodas contra aliados.

    Em um dos casos, procurado pelo lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, o conselheiro do CNJ Luiz Fernando Bandeira de Mello acessa o sistema interno do colegiado. Ele recebera do lobista uma matéria jornalística que relatava a existência de uma notícia-crime contra o desembargador João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que atuaria em suposta parceria com um advogado para favorecer um fazendeiro.

    Ferreira Filho foi afastado recentemente do cargo por ordem do mesmo CNJ, que considerou que o magistrado tinha relação de amizade com Zampieri e recebia dele vantagens financeiras e presentes para julgar conforme os interesses do defensor.

    Na conversa, Bandeira lê a reportagem enviada pelo interlocutor e, na sequência, consulta se há, no sistema interno do CNJ, algo contra Ferreira Filho. “Li agora. Mas não fala nada de CNJ, fala de notícia-crime, na seara penal. Não achei nada novo no sistema com o nome dele por enquanto”, diz. “Obrigado amigo”, retruca Andreson. O caso está sendo investigado pela PF. A VEJA Bandeira de Mello disse que consultou um caso cujas informações não estavam sob sigilo. “Eu venho do Congresso. Por definição, falo com todo mundo e não tinha razões para deixar de ser cortês com ele. Mas devo dizer-lhe que comigo ele [Andreson] nunca falou desses acertos que estão sendo investigados”, afirmou.

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    Não era a primeira vez que o lobista acionava contatos no CNJ em busca de informações. A certa altura de 2020, com a Operação Faroeste a pleno vapor, ele informa Zampieri que um ofício sigiloso havia chegado ao colegiado e requeria dados sobre um delator que entregara o esquema de venda de sentenças no Judiciário da Bahia.

    Na época, o empresário Nelson Vigolo havia confirmado em seu acordo de colaboração premiada o pagamento de valores em troca de veredictos  favoráveis na Justiça. Deflagrada em 2019, a Faroeste apura um esquema de venda de decisões judiciais relacionadas a disputas de terras baianas.

    Em 2022, houve mais uma ofensiva de Andreson Gonçalves junto ao CNJ, revelaram mensagens guardadas no telefone celular de Roberto Zampieri. Na ocasião, ele informa que acionou um juiz auxiliar da Corregedoria para monitorar se havia uma investigação administrativa contra um parceiro. “Se chegar lá algo ele já pega e organiza para arquivar”, escreveu o lobista ao advogado.

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