“O PT tem que sair imediatamente do governo. O partido tem uma base social ligada aos professores que está extremamente indignada com o que aconteceu na Cinelândia. Vamos exigir que seja marcada reunião o mais rápido possível, e que se delibere sobre a saída imediata. As pessoas que defendem a permanência do PT no governo terão que se levantar e sustentar isso”, disse Lindbergh
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Apesar do céu plúmbeo sobre o Rio de Janeiro, o senador petista Lindbergh Farias tem uma segunda-feira ‘melhor que a encomenda’. No momento, começam a se reunir na Candelária os manifestantes que vão marchar até a Cinelândia para mais um protesto contra o prefeito Eduardo Paes e o Plano de Cargos e Salários aprovado para os professores, e é certo que a mistura de black blocs e policiais militares vai produzir algumas cenas repugnantes até o início da noite. Antecipando-se ao tumulto, e baseado nos acontecimentos de uma semana atrás, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), pré-candidato ao governo do estado, vai usar a greve dos professores para, mais uma vez, tentar tirar o PT do governo Cabral – o que, por coerência, deveria se desdobrar em um desembarque também do governo municipal. E aí está o problema: Adilson Pires, o vice-prefeito de Paes, é do PT, e não parece inclinado a pular do caminhão.
Lindbergh participou, pela manhã, de uma reunião na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Rio, em repúdio à violência policial nas manifestações. A OAB-RJ tem atuado em defesa dos manifestantes desde junho – com um breve intervalo no período em que o vandalismo irritou até quem protestava. Advogados estarão de plantão, e em contato com a imprensa ao longo de toda a tarde, para agir nas portas das delegacias quando forem detidos os manifestantes.
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A greve dos professores é, para Lindbergh, uma extensão do fortuito período iniciado em junho. Quando a popularidade do governador Sérgio Cabral despencou, cresceu a corrente que defende uma candidatura própria do PT e uma separação ‘do joio do trigo’, para dizer ao eleitor que os petistas não apoiam a PM do caso Amarildo, o uso de helicópteros do Estado para transporte pessoal e tudo o que tornou o governador um péssimo cabo eleitoral.
Não é a primeira vez que o senador tenta levar à frente a saída do governo Cabral. O presidente nacional do PT e o ex-presidente Lula já precisaram entrar em campo para acalmar os ânimos e retardar um processo que parece ser inevitável, pelo menos a julgar pela disposição da executiva estadual do partido. O movimento de Lindbergh, desta vez, consiste em “forçar” uma votação da proposta de saída no diretório estadual.
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“O PT tem que sair imediatamente do governo. O partido tem uma base social ligada aos professores que está extremamente indignada com o que aconteceu na Cinelândia. Vamos exigir que seja marcada reunião o mais rápido possível, e que se delibere sobre a saída imediata. As pessoas que defendem a permanência do PT no governo terão que se levantar e sustentar isso”, disse, depois da reunião na OAB esta manhã.
O PT tem atualmente duas secretarias no governo do estado – a de Assistência Social, ocupada por Zaqueu Teixeira, e a do Ambiente, de Carlos Minc. “Não dá para os partidos agirem como se nada estivesse acontecido. É hora do desembarque. Já passou do ponto. Quem está no governo tem que entender que é a hora da saída”, defendeu o senador.
“Aquela ação não foi só despreparo da PM. Houve uma decisão política de impedir que os professores entrassem na Câmara dos Vereadores. O que vimos foi agressão, bomba, spray de pimenta e pancadaria nos professores. O governo está mostrando que está sem autoridade, sem legitimidade. E reage com força desproporcional, revelando sua fraqueza”, acusou, dizendo tudo o que os manifestantes querem ouvir no momento.
Marina Silva – Ao deixar a sede da OAB-RJ, Lindbergh também comentou a filiação da ex-ministra Marina Silva ao PSB, do governador pernambucano Eduardo Campos. Para o senador, é possível tentar obter o apoio de Marina no Estado. “Tenho uma relação fraternal com Marina. Pretendo manter o diálogo com o PSB para impedir o retrocesso, que é o Garotinho, e a permanência do que está aí (Cabral). Uma aliança com o PSB é o meu desejo”.