O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), afirmou que a bancada do partido do presidente Jair Bolsonaro está orientada a não dar qualquer tipo de proteção ao ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, convocado para prestar esclarecimentos sobre o decreto de armas na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A sessão, que estava marcada para as 14 horas desta quarta-feira, 12, foi adiada.
Como informa a coluna Radar, Lorenzoni recorreu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para adiar sua convocação à comissão. O ministro foi convocado por deputados no fim de maio para explicar as mudanças feitas por Bolsonaro no decreto que flexibilizou o uso de armas e munições.
Waldir disse a VEJA que a insatisfação do PSL com Lorenzoni se agravou com a decisão do ministro de demitir por telefone os ex-parlamentares da legenda Carlos Manato e Victório Galli Filho. Manato chefiava a Secretaria Especial para a Câmara, onde Galli Filho também trabalhava.
“Ele tomou uma atitude de demitir, de forma humilhante, o Manato, um dos primeiros parceiros do Bolsonaro, e o Victório Galli. Quem tem de blindá-lo é o DEM [partido do ministro Onyx Lorenzoni]. Se nem o DEM o está blindando, por que o PSL tem de blindar?”, afirmou a VEJA o líder do PSL na Câmara.
O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) também se queixou do tratamento dado por Lorenzoni aos parlamentares do PSL. “Está nos tratando muito mal”, disse.
Segundo Waldir, esse não é o primeiro episódio de descontentamento da bancada com o ministro da Casa Civil. “Há alguns dias, ele me desmentiu e disse que nós fomos ao Palácio do Planalto atrás de vantagem. Eu deixei passar, ia convocá-lo para uma audiência, mas deixei para lá, para evitar constrangimento. Agora, ele demite dois ex-parlamentares do PSL por telefone? Ele tem que nos respeitar”, afirmou.
O líder do partido negou que colocar o ministro “na berlinda” possa influenciar na articulação política no Congresso. “Quantos partidos declararam apoio ao nosso governo? Que articulador é ele?”, questionou Waldir.
O deputado também afirmou que a bancada vai proteger “outros ministros”. “Nossos parlamentares já estão orientados para não dar qualquer tipo de proteção, não. Protegemos os outros ministros, mas ele, até que haja um diálogo e ele passe a respeitar o PSL, nós não vamos proteger ele, não”, disse.
Questionado sobre quais ministros a bancada protegeria, Waldir citou Abraham Weintraub, da Educação, a quem, segundo o deputado, o partido disponibilizou um “exército para defendê-lo”, o general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, classificado pelo líder do partido como “mocinho, não vilão”.
O site The Intercept Brasil divulgou, no domingo 9, mensagens trocadas entre o então juiz federal com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato. “Moro é o mocinho, é um herói brasileiro. Os bandidos estão do outro lado. Ninguém vai criminalizar o conduta do Moro, não. Ele foi democrático. Foi feito nas redes sociais, não tem falcatrua”, disse.