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‘Irredutível’, Gim exigiu propina em troca de “90% de garantia” de blindagem, diz delator

Ex-senador foi preso preventivamente nesta terça-feira, na 28ª fase da Operação Lava Jato

Por Da Redação 12 abr 2016, 10h49

O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, descreveu o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) como “irredutível” na negociação de valores de propina a serem repassados para barrar as investigações da CPI mista da Petrobras e disse que o pagamento de 5 milhões de reais por parte da empreiteira equivaleria a “90% de garantia” de blindagem. O porcentual foi citado pelo próprio Argello, que alegou inicialmente que precisaria de dinheiro para sua campanha à reeleição no Senado.

Na versão de Gim, “tudo nas comissões parlamentares de inquérito passava por ele”, e os pagamentos ajudariam a enterrar de vez pedidos para que empreiteiros ligados à Operação Lava Jato fossem convocados ou tivessem os sigilos fiscal, bancário e telefônico quebrados.

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“O declarante [Ricardo Pessoa] disse que poderia contribuir para a campanha de Gim Argello, desde que ele garantisse que o declarante não iria ser convocado para a CPI ou CPMI. Gim Argello pediu o valor de 5 milhões de reais em contrapartida às gestões junto às comissões parlamentares de inquérito”, registrou o Ministério Público ao transcrever um dos depoimentos de delação premiada de Ricardo Pessoa.

Para o Ministério Público Federal, foi “exitosa” a atuação direta do ex-senador para barrar investigações de verdade sobre o mega esquema de corrupção na Petrobras, já que a comissão de inquérito não levou à votação pedidos espinhosos contra o grupo UTC/Constran e contra a OAS, duas das empreiteiras citadas como integrantes do Clube do Bilhão, cartel que fraudava contratos na petroleira e distribuía propina a agentes públicos. Entre os requerimentos não apreciados pela CPI mista da Petrobras estão pedidos de quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do consórcio Constran/UTC e da construtora OAS e de convocação de Augusto Pinheiro, da UTC, dos delatores Ricardo Pessoa e Walmir Santana e do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS.

“Os fatos ocorridos na CPI e na CPMI confirmam que foi exitosa a tentativa espúria de obstruir os trabalhos investigativos das comissões parlamentares de inquérito”, disse o MP.

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O cerco contra o ex-senador Gim Argello, mais um dos políticos próximos à presidente Dilma Rousseff a ter e prestar esclarecimentos à justiça, se tornou mais forte depois das revelações do ex-diretor financeiro da UTC Walmir Santana e do dono da empreiteira Ricardo Pessoa. Em sua delação premiada, Walmir Santana afirmou que “ficou acertado entre Ricardo Pessoa [dono da UTC] e Gim Argello que tal senador atuaria no sentido de que ele, Ricardo Pessoa, não fosse chamado a depor na CPMI”. “Em contrapartida, Ricardo Pessoa faria contribuições em favor das pessoas indicadas por Gim Argello”, completou o delator. Em julho de 2014, chegou-se a valor de 5 milhões de reais em propina para o ex-senador distribuir a aliados.

Ainda conforme a versão apresentada pelo ex-dirigente da UTC, os repasses começaram a ser feitos a partir de 10 de junho de 2014 para partidos como o PR, o PMN, o PRTB e o DEM, um dos principais partidos de oposição ao governo federal. Ao todo, a empreiteira contabilizou 1,7 milhão de reais em dinheiro sujo enviado ao DEM, 1 milhão de reais ao PR, 1,150 milhão de reais ao PMN e 1,150 milhão de reais ao PRTB. “Os fatos são alarmantes porque há fortes indicativos de que uma comissão de investigação parlamentar, que tem um importante papel de investigação de fatos graves em nossa democracia, foi usado por um então senador para, em vez de combater a corrupção, praticá-la”, disse o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, que integra a força-tarefa da Lava Jato.

No caso da OAS, foram detectados repasses de 350.000 reais em propina para Gim Argello.

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