O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, defendeu a intervenção federal no Rio de Janeiro um dia depois da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na noite de quarta-feira. Para Jungmann, a “intervenção nunca se propôs a fazer mágica”.
O ministro argumentou que a atual etapa é a de reestruturação das polícias Civil e Militar do estado. “A intervenção, até aqui, tem obtido um aval e procurado fortalecer e reestruturar as polícias. Por isso, houve a troca de comando da Polícia Militar e da Polícia Civil”, disse, completando que “os resultados existem e eles vão ganhar cada vez mais velocidade”. Raul Jungmann citou a Operação Pão Nosso e considerou como um avanço as prisões do delegado que chefiava as polícias especializadas, Marcelo Martins, e do ex-secretário de Administração Penitenciária César Rubens Monteiro.
Investigação do crime
No pronunciamento, ao lado dos chefes das forças de segurança do Rio, o ministro afirmou que a apuração do assassinato de Marielle e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, será uma prioridade para o governo federal. “Pelo tempo que for necessário, e ao custo que for necessário, vamos fazer justiça à vereadora que tombou fruto de um bárbaro crime”, disse.
Raul Jungmann afastou a possibilidade de, neste momento, o inquérito ser federalizado formalmente, passando a ser administrado pela Polícia Federal, como cogitou mais cedo a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ele afirmou que estão trabalhando em conjunto ao menos oito instituições: Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Secretaria Nacional de Segurança, Exército, Marinha e Aeronáutica.
O ministro disse ainda que não vai ser um “obstáculo” a ideia caso a apuração evolua, mas argumentou que, uma vez que as polícias do Rio estão sob a administração federal, “a rigor, a investigação já está federalizada”. “A Polícia Civil tem a nossa confiança”, concluiu.
O titular da Segurança Pública ainda citou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), um dos principais aliados políticos de Marielle, para reafirmar a confiança de todos os segmentos políticos na investigação. Mais cedo, Freixo esteve com o chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, para discutir o caso.
A vereadora assassinada tem uma trajetória de afirmações críticas à atuação das polícias nas favelas, bem como das milícias e das facções criminosas que agem no Rio de Janeiro. Neste momento, a única linha de investigação consistente, na avaliação dos policiais envolvidos, é a de que Marielle Franco tenha sido executada a mando de terceiros. Quando deixava um evento sobre a morte de mulheres negras, um carro pareou ao seu e disparou contra ela e o motorista, sem levar nada, o que praticamente anula a hipótese de latrocínio.