Anunciadas em tom de denúncia na última segunda-feira, 24, as discrepâncias na transmissão das inserções no rádio já haviam sido discutidas em clima bem mais ameno poucos dias antes, durante uma conversa a portas fechadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No último dia 20, os advogados das campanhas de Lula e Bolsonaro foram chamados para uma reunião com o ministro Alexandre de Moraes, que tentava estabelecer um acordo entre as duas partes para evitar a série de judicializações e pedidos de direito de resposta.
Enquanto discutiam algumas medidas, entre as quais barrar, de um lado, o termo “genocida”, e, de outro, “ex-presidiário”, foram apresentados números sobre o que foi tratado apenas como “percalços” enfrentados nos programas de rádio.
A defesa de Bolsonaro informou ter constatado pouco mais de 2 mil inserções que deixaram de ser transmitidas no primeiro turno – número, portanto, bem menor que o relatado nas primeiras semanas após o segundo turno das eleições. O mesmo problema foi constatado pela equipe de Lula, que apontou para mais de 3 mil programas que não foram ao ar. Na ocasião, o tom em ambos os lados era bem menos alarmista.
Ao ouvir os relatos, Moraes tratou o tema com naturalidade e levantou a possibilidade de se tratarem de dificuldades de logística eventualmente enfrentadas pelos veículos – como, por exemplo, para baixar o arquivo de um sistema do TSE no qual ficam disponibilizadas as peças eleitorais. O assunto não foi levado adiante e, naquele momento, parecia superado e encerrado.
No entanto, quatro dias depois, a campanha de Bolsonaro ingressou com uma denúncia no TSE alegando um suposto boicote das rádios às propagandas do candidato à reeleição. De acordo com a defesa do presidente, uma auditoria atestou que deixaram de ser transmitidas 154 mil inserções de Bolsonaro no segundo turno. O TSE ainda não se manifestou se vai instaurar uma investigação sobre o caso.