Ilhado pelas chuvas, Acre compra produtos do Peru
Nível do Rio Madeira não para de subir e há transbordamentos em vários pontos da BR-364, única via terrestre que liga o Acre ao restante do Brasil
Com o alagamento da BR-364, a única via terrestre que liga o Acre ao restante do Brasil, o governo estadual precisou recorrer ao Peru para não sofrer uma crise de abastecimento. Nesta sexta-feira, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou o tráfego de mercadorias compradas do outro lado da fronteira pelo prazo de noventa dias. A situação é alarmante e só deverá ser normalizada no fim de abril, quando a temporada de chuvas tradicionalmente termina.
A resolução da ANTT, publicada hoje no Diário Oficial, informa que, “devido à situação de emergência decretada”, está permitida a “viagem em caráter ocasional” de empresas sediadas no Acre que façam “transporte rodoviário internacional de cargas com tráfego por fronteira comum”.
A cheia histórica do rio Madeira é a responsável pelo isolamento geográfico do Acre e de cidades do oeste de Rondônia. Nesta sexta, o rio atingiu a marca de 19,38 metros acima do seu nível normal – recorde desde a fundação dos dois Estados, segundo a Agência Brasil.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) suspendeu temporariamente o tráfego de veículos na BR-364 por causa do aumento do volume de água na pista. Com a interdição da rodovia federal, os caminhões de carga só tem acesso ao Acre por meio de balsas. Os governos dos dois Estados já estudam usar embarcações, que trafeguem pelos rios Amazonas, Acre, Madeira e Purus, para percorrer os pontos alagados.
Em visita à Rondônia e ao Acre na última semana, a presidente Dilma Rousseff anunciou a construção de uma ponte sobre o Rio Madeira para conectar os dois Estados. Uma das cidades mais atingidas pelas chuvas na Região Norte é Porto Velho (RO), que tem vários bairros submersos há quase um mês – o prejuízo estimado pela prefeitura da capital chega a 1 bilhão de reais.