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Huck: Bolsonaro ultrapassou fronteira da decência com ofensa a repórter

Possível presidenciável na eleição de 2022, apresentador disse que resolveu criticar o presidente por entender que ataques foram um "desserviço monstruoso"

Por Redação
Atualizado em 18 fev 2020, 20h28 - Publicado em 18 fev 2020, 20h13
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  • O apresentador Luciano Huck fez nesta terça-feira, 18, uma rara crítica direta ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Por meio do Twitter, afirmou que tem evitado se posicionar para não “alimentar fofocas e intrigas”, mas disse que resolveu quebrar o silêncio por considerar que Bolsonaro ultrapassou a fronteira da decência ao proferir uma ofensa de cunho sexual contra a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo.

    Huck é visto como um provável candidato à Presidência da República em 2022, embora não tenha confirmado a intenção de disputar o cargo até o momento. Por conta da pretensões políticas, o apresentador virou alvo de críticas e elogios vindos da direita e da esquerda.

    “Tenho evitado comentar declarações públicas de quem quer que seja. Seja porque torço pelo Brasil, seja porque não quero alimentar fofocas e intrigas. Mas as fronteiras da decência foram ultrapassadas hoje. Triste e revoltante ao mesmo tempo”, escreveu Huck. “Respeito é a base de qualquer sociedade e pilar da democracia. Atiçar a violência contra a mulher e atacar o jornalismo independente são desserviços monstruosos. Meu apoio à mulher e jornalista [Patrícia Campos Mellos]”, declarou.

    Bolsonaro explorou uma informação falsa que um depoente prestou na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News para afirmar que a jornalista Patrícia Campos Mello “queria dar o furo a qualquer preço contra mim”.

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    No jargão jornalístico, a expressão “dar o furo” significa publicar uma informação exclusiva antes de outros veículos. No caso, Bolsonaro fez menção ao depoimento que Hans River do Rio Nascimento deu à CPMI na semana passada. Ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows durante a campanha eleitoral de 2018, Hans River declarou que Patrícia procurava “um determinado tipo de matéria a troco de sexo”. Ele não apresentou nenhuma prova que corroborasse a afirmação.

    Patrícia foi autora de uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, em dezembro de 2018, que denunciava a ação de uma rede de empresas, incluindo a Yacows, em um esquema fraudulento de disparo de mensagens pelo aplicativo WhatsApp em favor de políticos.

    Nesta terça-feira, Bolsonaro declarou: “Olha a jornalista da Folha de S.Paulo. Tem mais um vídeo dela aí. Não vou falar aqui porque tem senhoras aqui do lado. Ela falando: ‘Eu sou (…) do PT’, certo? O depoimento do Hans River, foi final de 2018 para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele”, afirmou.

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    “Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim [risos de Bolsonaro e dos presentes]. Lá em 2018 ele [Hans] já dizia que ele chegava e ia perguntando: ‘O Bolsonaro pagou pra você divulgar pelo WhatsApp informações?’ E outra, se você fez fake news contra o PT, menos com menos dá mais na matemática, se eu for mentir contra o PT, eu estou falando bem, porque o PT só fez besteira”, declarou o presidente.

    O depoimento falso de Hans River já havia sido compartilhado pelo filho caçula do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em manifestações no Congresso e por meio de redes sociais. VEJA, em sua última edição, publicou uma Carta ao Leitor sobre o caso. Leia a íntegra aqui.

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