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Henrique Eduardo Alves é eleito presidente da Câmara

Com apoio na base governista e na oposição, deputado do PMDB venceu três adversários com facilidade e comandará a Casa pelos próximos dois anos

Por Gabriel Castro, Laryssa Borges e Marcela Mattos
4 fev 2013, 13h13

Cercado de denúncias, mas com apoio maciço na base governista e na oposição, o deputado potiguar Henrique Eduardo Alves (PMDB) foi eleito nesta segunda-feira o novo presidente da Câmara. O peemedebista recebeu 271 votos, 22 a mais do que o mínimo necessário para ganhar a disputa no primeiro turno. O mandato tem duração de dois anos.

Henrique Alves enfrentou três adversários em votação secreta, que entraram na disputa praticamente só para marcar posição: Júlio Delgado (PSB-MG), Rose de Freitas (PMDB-ES) e Chico Alencar (PSOL-RJ). O trio obteve 165, 47 e 11 votos, respectivamente. Houve 3 votos nulos, e 16 deputados não compareceram à sessão.

Integrante mais antigo da Câmara, com onze mandatos, Alves chegou à Casa em 1971 e tem a biografia marcada por histórias mal explicadas. Nos últimos anos, ocupou a liderança da bancada do PMDB e dedicou-se a ao papel de capitanear os pleitos de aliados com o governo federal, especialmente a nomeação de cargos e a liberação de recursos por meio de emendas ao Orçamento da União. Para conseguir maioria, ele fez uso de um dos seus principais atributos: negociou cargos na Mesa Diretora e o comando de comissões temáticas com quase todos os partidos, inclusive as siglas de oposição. Também fez acordos no varejo, como promessas de relatorias de projetos de destaque e gabinetes privilegiados.

Nesta segunda-feira, ao subir à tribuna para pedir o voto dos colegas, Henrique Alves não negou as denúncias. Em uma frase ambígua, ele disse que se trata de “labaredas que não chamuscam o alicerce”. A declaração foi uma referência ao peso dos anos que passou na Casa – e, com isso, ao histórico de acordos e leniência com os deslizes que mancham o parlamento. Em seu discurso, o deputado afirmou ainda que não tem o direito de falhar: “Eu não me perdoaria se, depois de ali me sentar, tivesse de dizer a mim mesmo”. ‘Eu não pude fazer isso, mas outro depois de mim virá e fará'”, afirmou.

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O peemedebista também prometeu benefícios aos colegas, como a aplicação compulsória das emendas parlamentares, uma distribuição mais equânime das relatorias importantes e o aumento da divulgação da atividade parlamentar na TV Câmara. Ele foi aplaudido pela maioria da Casa.

O resultado da eleição na Câmara também reforça a aliança do PMDB com o Palácio do Planalto, que, assim como fizera com a escolha de Renan Calheiros (PMDB-AL) no Senado, optou por não se envolver na disputa para evitar atritos com seu partido aliado preferencial.

Henrique Alves acompanhou a divulgação do resultado em pé, ao lado de André Vargas (PT-PR) – que se elegeu vice-presidente da Câmara -, de Eduardo Cunha (RJ), o novo líder do PMDB, e de Renan Filho (PMDB-AL), filho do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

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Rolos – Reportagem de VEJA mostrou que Alves destinou recursos de sua verba indenizatória da Câmara para uma empresa- fantasma ligada a um ex-assessor do PMDB. Oficialmente, a Global Transportes alugava carros para Henrique ao custo de 8 300 reais mensais. Na prática, a companhia tem uma sede de fachada e não possui patrimônio. Nem o deputado soube dizer qual carro a Global fornece a seu gabinete. A Folha de S. Paulo também mostrou que Alves direcionou parte de suas emendas parlamentares a uma construtora nada convencional: a Bonacci, com sede de fachada (mais uma vez) e ligada a um ex-assessor dele (mais uma vez).

As revelações, entretanto, não foram suficientes para estremecer a candidatura do peemedebista. Nem a oposição rompeu com ele: o PSDB, de olho na divisão dos cargos na Mesa Diretora, não demonstra constrangimento em continuar no barco peemedebista. Alves passou a evitar a imprensa.

No Rio Grande do Norte, o nome de Alves é citado em escutas telefônicas interceptadas pelo Ministério Público sobre uma máfia que desviava recursos da saúde. De acordo com o conteúdo dos grampos, o deputado é citado como um dos contatos políticos dos criminosos.

Em 2011, o deputado também sofreu uma condenação em primeira instância no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Ele foi considerado culpado do crime de improbidade administrativa. Se a corte confirmar a decisão, Henrique pode até mesmo perder o mandato.

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