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Haddad: PT corre para evitar fiasco do projeto de Lula

Afilhado do ex-presidente terá 45 dias para provar tese petista de que só a televisão será capaz de alavancar sua candidatura à prefeitura de São Paulo

Por Thais Arbex
26 ago 2012, 12h23

Com a estreia da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o time de marqueteiros do PT passou a correr contra o tempo nesta semana para tentar tornar viável o projeto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tentar eleger o desconhecido Fernando Haddad prefeito da maior cidade do país.

Estagnado com 8% das intenções de votos na última pesquisa Datafolha, Haddad conta com quase oito minutos na propaganda eleitoral, resultado de uma constrangedora aliança com o PP do ex-prefeito Paulo Maluf, que durante uma década foi tratado pelo PT como inimigo número um em São Paulo.

Além disso, são nas inserções diárias, distribuídas ao longo da programação das emissoras, que o PT aposta para atingir o eleitor que rejeita os programas fixos. Nos primeiros sete dias de campanha no rádio e na televisão, Haddad e Serra tiveram quase uma 1 hora de exposição, dividida em spots de 15, 30 ou 60 segundos, em cada emissora.

Em reunião no Instituto Lula, na última segunda-feira, o marqueteiro João Santana apresentou ao ex-presidente e à cúpula do partido o prognóstico que o PT esperava ouvir: “Agora a campanha começa para valer. É agora que os gráficos começam a mudar”. Nas projeções dos petistas, a curva de Haddad nas pesquisas eleitorais começará a mudar em até 20 dias, próximo ao feriado de 7 de setembro.

“É a partir de agora que ele terá a oportunidade de mostrar a que veio”, afirmou ao site de VEJA o cientista político Carlos Melo, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). “Haddad tem o instrumento para crescer. Ele tem o tempo de televisão.”

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Memória – “Todas as nossas avaliações mostram que Fernando Haddad vai crescer assim que ficar claro para a população quem ele é, que é o candidato do PT, do Lula e da Dilma”, disse o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão. Em suas estimativas, o partido tem na memória os resultados das eleições municipais de 2004 e 2008 em São Paulo, que mudaram de rota a partir da propaganda no rádio e na TV.

Em 2004, a última pesquisa Datafolha, feita antes da estreia da propaganda no rádio e na televisão, mostrou o então candidato do PSDB, José Serra, com 25% das intenções. Sua principal adversária, Marta Suplicy, com 30% das intenções de voto, assumia, pela primeira vez, a liderança isolada na disputa pela prefeitura da capital paulista.

Com o início do horário eleitoral, a eleição mudou de rumo e Serra passou a crescer em todas as pesquisas, ultrapassando a petista. Na véspera do primeiro turno, ele tinha 37% das intenções de voto; ela, 34%. Serra foi eleito, no segundo turno, com 54% dos votos válidos.

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Em 2008, na véspera da estreia dos programas, o atual prefeito, Gilberto Kassab, então candidato pelo DEM, tinha apenas 11% das intenções de votos – atrás de Marta Suplicy (PT) com 36%, e de Geraldo Alckmin (PSDB) com 32%. Com maior tempo de TV, Kassab saiu do 3º lugar na disputa e, com 61% dos votos, foi eleito, no segundo turno, prefeito de São Paulo.

“Não há como comparar o atual cenário com a eleição de Kassab. Ele representava a continuidade”, disse o cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Centro de Pesquisas e Análises de Comunicação (Cepac). Segundo a avaliação de Figueiredo, Kassab, que disputava a reeleição e tinha a máquina da prefeitura a seu favor, já havia participado de uma campanha eleitoral, como vice na chapa de José Serra, em 2004, e era conhecido da cidade. “Eles estão comparando ovos com beterrabas”, afirma Carlos Melo. “Haddad era, até pouco tempo, ministro envolvido com a burocracia do Ministério da Educação e com pouca aparição pública”, disse.

Embora a trajetória de Kassab em 2008 seja rara, o PT projetava desempenho similar de Fernando Haddad às vésperas do horário eleitoral. Nos cálculos petistas, o afilhado de Lula teria nesta semana entre 12% e 15% das intenções de votos. “O eleitor vai começar a ser surpreendido pela eleição a partir de agora”, diz Carlos Melo.

A avaliação do partido é que a campanha foi prejudicada pela foto do aperto de mão de Lula e Maluf, que culminou reação da deputada Luiza Erundina de não aceitar fazer ao lado do adversário. Nas ruas, os petistas ouvem eleitores dizerem que desistiram de votar em Haddad após o ex-presidente ter fechado aliança com o inimigo histórico.

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O partido admite também que esperava-se presença mais ativa do ex-presidente, que se recupera do tratamento contra um câncer na laringe, e da senadora Marta Suplicy. Magoada desde que foi preterida na escolha do candidato do PT à prefeitura de São Paulo, ela tem se mantido bem longe da campanha.

Além do espaço na televisão, o PT tem apostado na presença dos vereadores nas ruas ao lado de Fernando Haddad para mudar a curva nas pesquisas eleitorais. Na avaliação da coordenação da campanha do ex-ministro, os candidatos petistas a uma vaga na Câmara Municipal representam o elo do ainda desconhecido candidato do ex-presidente Lula com as lideranças das franjas da cidade, onde está concentrado o eleitorado do PT.

De olho em Russomanno – O PT aposta na fragilidade da campanha e no pouco tempo de televisão de Celso Russomanno, do PRB, para reconquistar o tradicional eleitorado petista, concentrado nas zonas periféricas da cidade. As pesquisas mostram que Russomanno tem liderado nos redutos do PT. “No cenário em que Fernando Haddad é praticamente desconhecido, surge Celso Russomanno, que conseguiu atingir aqueles que rejeitam o José Serra. Alguém que é conhecido amplamente, por ser uma pessoa de mídia e que, até pouco tempo, tinha um programa na televisão”, afirma o cientista político Carlos Melo.

Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 20, o candidato do PRB na disputa pela prefeitura de São Paulo tem melhores resultados nas áreas onde o candidato tucano José Serra tem as maiores rejeições. No universo dos 38% que rejeitam Serra, Russomanno tem 46% dos votos.

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Nesta quinta-feira, o PT recebeu os resultados de pesquisas internas feitas logo após o primeiro dia de campanha dos candidatos a prefeitos no rádio e na televisão. Os números constataram que 70% dos eleitores de Russomanno que aprovaram o programa petista. “A televisão tem um poder muito grande quando o candidato tem o que representar e o Haddad representa o PT”, diz Rubens Figueiredo.

Ato com Lula – Padrinho da candidatura de Haddad à sucessão do prefeito Gilberto Kassab, Lula esteve ausente até agora dos eventos públicos por conta da recuperação do tratamento contra um câncer na laringe, diagnosticado em outubro do ano passado. O ex-presidente foi liberado pelos médicos no início do mês e já começou a participar de eventos fechados ao lado do afilhado.

A coordenação da campanha tenta, agora, organizar um megaevento em São Paulo para marcar a entrada pública do ex-presidente na campanha de Haddad. A direção municipal do partido pretende reunir de 5.000 a 7.000 militantes na Quadra dos Bancários, palco tradicional de comícios petistas no centro de São Paulo. A ideia é realizar o ato no início do mês de setembro.

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