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Guido Mantega vira alvo da oposição e preocupa governo

Ministro é cobrado por omissão diante de irregularidades praticadas pelo presidente da Casa da Moeda. Planalto teme reflexos na economia

Por Gabriel Castro
3 fev 2012, 16h30

Por enquanto, o mercado parece indicar que só haverá algum sobressalto se Mantega passar a correr risco de perder o cargo. Nesse caso, haverá especulações sobre os possíveis substitutos do ministro e Dilma será forçada a tomar uma decisão rápida e certeira, sob risco de minar a credibilidade da economia brasileira

As denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, transformam Guido Mantega no alvo da vez da oposição. Mesmo informado sobre as irregularidades em 2010, o ministro da Fazenda só tomou uma atitude quando soube que o caso havia chegado à imprensa. Ou melhor, foi a presidente Dilma Rousseff quem ordenou a demissão às pressas ao saber dos feitos de Denucci. Mantega admitiu nesta sexta-feira que sabia dos problemas. PSDB, DEM e PPS brigarão para que Mantega se explique ao Congresso.

A situação deixa o Planalto em uma situação delicada. De um lado, o governo teme que a exposição de Mantega possa abalar a credibilidade da economia brasileira. Por outro, uma blindagem total, a exemplo do que ocorreu com Antonio Palocci, pode ter um efeito ainda mais perverso: o de acirrar os ânimos no Congresso e irritar a base aliada.

A oposição está decidida: vai apresentar um pedido de convocação para que Mantega se explique no Congresso. Para os opositores, o ministro da Fazenda deve ser tratado da mesma forma que os titulares de outras áreas. A possibilidade de a crise política ter reflexos econômicos não é suficiente para poupá-lo. “Isso não pode ser fator impeditivo de uma convocação. Pelo contrário. Essas coisas exigem cada vez mais transparência”, diz Ronaldo Caiado (GO), vice-líder do DEM na Câmara.

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Em conflito com o PT por mais espaço no governo, o PMDB acompanha de perto a variação de temperatura do caso. Por enquanto, os peemedebistas não usarão de seu poder de fogo. A ferida pela demissão, no ano passado, de dois ministros filiados ao partido, Wagner Rossi, da Agricultura, e Pedro Novais, do Turismo, ainda está aberta. “A gente espera uma explicação”, diz o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). “Mas eu preferiria não desestabilizar Mantega neste momento.”

Já o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), em defesa do governo, prega que o momento econômico pesa, sim, na avaliação sobre a ida ao Congresso: “Mantega tem agido com a maior correção. Também pelo momento que nós estamos vivendo no Brasil, acho que não é o caso de convocá-lo.”

E o calendário deve ajudar Mantega. As comissões da Câmara só começam a funcionar após o carnaval. Ou seja: daqui a quase um mês. “Ele tinha a obrigação de mandar investigar e não o fez. Se as explicações não forem dadas, vamos manter o pedido de convocação”, explica Bruno Araújo (PE), líder tucano na Câmara. O PTB, que indicou Denucci, mas depois retirou o apoio ao presidente da Casa da Moeda, também pretende cobrar esclarecimentos do ministro.

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Tentando se defender, o ministro Mantega disse que não tomou providências ao ser avisado das irregularidades porque não recebeu informações concretas sobre o caso. Por enquanto, o mercado parece indicar que só haverá algum sobressalto se Mantega passar a correr risco de perder o cargo. Nesse caso, haverá especulações sobre os possíveis substitutos do ministro e Dilma será forçada a tomar uma decisão rápida e certeira, sob risco de minar a credibilidade da economia brasileira.

Irregularidades – Exonerado no início da semana, Denucci é investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro. O ex-presidente foi indiciado numa ação de evasão de divisas. A Polícia Federal investigava o recebimento de 1,8 milhão de reais vindos do exterior em junho de 2000 e que foram parar em sua conta corrente.

Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo acusa Denucci de receber propina de fornecedores da Casa da Moeda, por meio de duas offshores nas Ilhas Virgens Britânicas, local conhecido como paraíso fiscal.

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