Governo quer aplicar estratégia de segurança da Copa no Sudeste
Após reunião com governadores, ministro da Justiça anuncia intenção de integrar ações das forças federais com as polícias estaduais
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou nesta quarta-feira a intenção do governo de reproduzir na região Sudeste a estratégia de segurança aplicada durante a Copa do Mundo, quando foram integradas as ações das forças de segurança da União com as polícias estaduais. O anúncio foi feito após reunião entre os governadores Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro, Geraldo Alckmin, de São Paulo, Fernando Pimentel, de Minas Gerais, e Paulo Hartung, do Espírito Santo. Também participaram do encontro o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e os secretários estaduais de segurança pública.
De acordo com o Cardozo, todos concordam que sem a integração não é possível obter bons resultados em segurança pública. “Há o consenso de que é necessário criar uma organização permanente que possa fazer a integração das ações policiais no cotidiano. Já fizemos uma integração inicial em todos os Estados do Nordeste e agora estamos buscando o mesmo no Sudeste, uma região vital para o país que tem a necessidade de fazer com que as forças federais e estaduais estejam juntas”, disse. “Sem essa gestão de maneira coordenada, nós dificilmente conseguiremos reduzir os índices de violência, de atos ilícitos e enfrentar o crime organizado”, continuou.
Ainda não há detalhes de como vai funcionar a integração das forças policias nem a partir de quando o novo sistema será aplicado. O Ministério da Justiça vai encaminhar nesta quinta-feira aos secretários estaduais de segurança pública uma sugestão de plano de trabalho. Os representantes vão analisar as propostas e na próxima semana haverá uma nova reunião, dessa vez no Rio de Janeiro, para discutir a estrutura e dar início ao planejamento da operação.
Durante o Mundial, foi criado entre os ministérios da Justiça, Defesa e a Casa Civil um centro de comando integrado, que agia em conjunto com os centros estaduais coordenados pelas secretarias de segurança e as Forças Armadas. No entanto, as Forças Armadas não vão poder agir na proposta desenhada para o Sudeste, já que a sua atuação em segurança pública ordinária é restrita às fronteiras.
O governo pretende aprovar uma emenda à Constituição que permita à União dividir com os Estados a responsabilidade da condução das políticas de segurança pública. O texto do projeto está em fase final de elaboração e deve ser encaminhado ao Congresso já em fevereiro. “O governo federal atua em segurança pública apenas em algumas hipóteses específicas. Isso fez com que o Ministério da Justiça sempre tivesse uma postura de ser um mero repassador de recursos. Não acho isso suficiente. O ministério não é um banco”, disse Cardozo.
Durante o encontro, os governadores fizeram algumas reivindicações ao governo federal. Alckmin e Pezão pediram ajuda à União para fazer o monitoramento das regiões metropolitanas com câmeras. Para o governador fluminense, a estratégia ajudaria, por exemplo, a diminuir o número de roubos de carros. Já Alckmin sugeriu que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) cancele o número identificador dos celulares roubados, para inviabilizar o uso dos equipamentos e diminuir o índice de roubos.
Leia também:
FBI prepara polícia do Rio para a Copa e a Olimpíada