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Governo admite dificuldade para anular impeachment no STF

Advogados ligados à defesa de Dilma avaliam que o Supremo não deve avançar o sinal em matérias reservadas ao Legislativo

Por Da Redação
14 dez 2015, 12h51

Parte do governo Dilma Rousseff já admite dificuldade em convencer os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o ato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de receber a denúncia de impeachment contra a presidente deve ser anulado. Apesar disso, o STF será palco de um périplo de advogados de Dilma na segunda e na terça-feira. Líderes da oposição também farão romaria para falar com os ministros da Corte às vésperas do julgamento sobre o rito do impeachment da presidente, marcado para quarta-feira.

Na ação proposta pelo PCdoB, e endossada por manifestações da Presidência da República e da Advocacia-Geral da União (AGU) na sexta-feira, a base governista pede para que o Supremo reconheça que a presidente Dilma tinha direito a uma defesa prévia ao ato de Cunha de admitir o pedido de impeachment, o que não teria sido respeitado. Nessa linha, a ação do peemedebista seria nula e o processo precisaria voltar ao início.

Mas a percepção de advogados ligados à defesa da presidente é de que, durante um debate duro, o STF dificilmente optará por esse caminho. Integrantes da corte acham que a tendência é de que o ministro Luiz Edson Fachin, relator da ação, apresente um voto tido como conservador: sem avançar o sinal em matérias reservadas ao Legislativo.

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Um dos pontos que não pode ser objeto de deliberação pelo Supremo, na leitura do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é exatamente a exigência de defesa prévia. Em manifestação encaminhada à Corte, Janot afirmou que não cabe ao Tribunal “criar” novas fases no processo e lembrou que o impeachment do ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTB-AL) se realizou sem a apresentação da defesa antes da abertura do processo de impedimento. Os advogados de Dilma vão argumentar que o caso de Collor foi diferente. O então presidente não tinha respaldo nem da sociedade nem do Congresso.

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Diante das dificuldades já previstas para barrar o início do rito do impeachment, o governo aposta na anulação da sessão que elegeu integrantes da Comissão Especial na Câmara que vai elaborar parecer sobre o pedido. Na semana passada, os deputados elegeram, em votação secreta, 39 integrantes de chapa composta por oposicionistas e dissidentes da base. Com a votação, o grupo já daria a largada com a maioria pró-impeachment.

Mas o despacho de Fachin, que suspendeu todo o processo até quarta-feira, é visto como um alento no Planalto: no texto, o ministro adianta que não há previsão legal para o voto secreto neste caso. O entendimento é endossado por Janot. “Nas deliberações em processo por crime de responsabilidade do Presidente da República, não há espaço para votação secreta”, escreveu o procurador-geral.

O governo também espera que o plenário do STF barre a possibilidade de candidaturas avulsas. Se os candidatos tiverem de ser indicados pelas lideranças partidárias, a eleição dos dissidentes da base se torna inviável. Ministros da cúpula do Planalto evitam fazer previsões sobre o placar no Supremo, pois consideram que a divulgação de apostas poderia ser interpretada como uma tentativa de interferência no Judiciário.

Advogados da presidente prepararam, porém, calendário de visitas à Corte antes do julgamento. Nesta terça, integrantes de PPS, PSDB, DEM e Solidariedade também se reúnem com Fachin para argumentar que até agora o processo na Câmara foi legal.

A promessa de Fachin é entregar uma minuta de seu voto na terça-feira aos pares para evitar pedidos de vista. A intenção da Corte é dar uma solução rápida ao caso e jogar a discussão de volta aos políticos. Ministros já admitem que, se houver pedido de vista, irão antecipar seus votos, para que a opinião dos magistrados seja tornada pública antes da volta do recesso do Judiciário em fevereiro.

TSE Na véspera do julgamento do rito do impeachment no STF, o Judiciário vai discutir outra ação envolvendo a presidente Dilma. O ministro Gilmar Mendes incluiu na pauta desta terça-feira do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um recurso proposto pela defesa de Dilma, contra a decisão de investigar a prestação de contas da campanha presidencial de 2014.

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Em agosto, Mendes, que é relator das contas da petista no TSE, pediu a investigação de suposta prática de atos ilícitos na campanha de 2014 em despacho encaminhado à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal.

O recurso proposto pela defesa de Dilma alega que o TSE já havia aprovado com ressalvas as contas da petista em 2014. O argumento é de que a decisão do plenário do tribunal já havia transitado em julgado – ou seja, quando não há mais possibilidade de recurso – em abril. Não poderia, portanto, ter havido nova decisão em agosto.

Na prática, o recurso, ou embargos de declaração, não tem poder para reverter a decisão de agosto tomada por Mendes, mas abre a porta para que o caso seja eventualmente levado ao STF.

O recurso foi proposto no início de novembro. Mas, com a previsão de julgamento do caso para esta terça, o TSE deve discutir novamente os fatos que levaram à investigação das contas da petista. No despacho de agosto, Mendes apontou “potencial relevância criminal” na campanha petista. A PF instaurou inquérito no dia 16 de outubro para fazer as investigações determinadas pelo ministro.

(Com Estadão Conteúdo)

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