Gilmar: fabricação de crise com STF afasta país de problemas reais
Decano do STF disse em uma rede social que refrega "artificial" de Bolsonaro contra o Judiciário é uma "crise infrutífera"
Depois de o presidente Jair Bolsonaro ter encaminhado ao Senado um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o decano do STF Gilmar Mendes usou as redes sociais neste domingo, 22, para criticar o ex-capitão, artífice, segundo ele, da “fabricação artificial de crises institucionais infrutíferas”. Na avaliação do magistrado, atitudes como essa, de tensionamento entre os poderes, “afasta o país do enfrentamento dos problemas reais”.
“A crise sanitária da pandemia, a inflação galopante e a paralisação das reformas necessárias devem integrar a agenda política. É hora de reordenar prioridades”, escreveu Mendes. A manifestação foi ‘curtida’ pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luis Roberto Barroso, também alvo de recentes ataques de Bolsonaro. O presidente prometeu que, ao lado de Alexandre, enviaria um pedido de abertura de um processo de impeachment contra o chefe do TSE, mas ainda não o fez.
Na avaliação de integrantes do Supremo, a estratégia do presidente de partir para cima do Judiciário tem dois objetivos principais: manter os apoiadores bolsonaristas unidos em um discurso radicalizado e criar pretextos para eventualmente apresentar um pedido de suspeição dos dois magistrados em futuros julgamentos eleitorais contra o ex-capitão.
Também neste domingo, representantes de sete partidos políticos manifestaram, em nota, contrariedade aos ataques que Bolsonaro tem direcionado ao STF e disseram que os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso tornaram-se “alvos de uma campanha difamatória que chegou às raias da violência institucional com um inepto e infundado pedido de impeachment contra Moraes”. “Não é com ações como essas que Bolsonaro se fará respeitar. Há remédios constitucionais para todos os males da democracia”, disseram as legendas, que, a exemplo de Gilmar Mendes, afirmaram que o governo deveria centrar esforços em lidar com questões como as crises econômica e sanitária e o combate ao desemprego e ao risco de apagão energético.