Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Fusão entre PSL e DEM ainda tem impasse em pelo menos nove estados

Rio, São Paulo, Maranhão e Paraíba são os principais entraves; problemas ocorrem também nas filiações de caciques políticos que são adversários há anos

Por Cássio Bruno
26 set 2021, 19h46

Embora avance nas mesas de negociações, a fusão entre o Partido Social Liberal (PSL) e o Democratas (DEM) ainda sofre com impasses pelo controle de diretórios em pelo menos nove estados, segundo o deputado federal Sóstenes Cavalcante, membro da Executiva nacional do DEM. O entrave ocorre, principalmente, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Maranhão e na Paraíba. Nas discussões para a criação da nova legenda, há outro problema a solucionar: as filiações de caciques políticos que são adversários há anos. Na última edição, VEJA mostrou que a junção das duas siglas pode resultar no surgimento da maior bancada da Câmara – com 82 parlamentares – e quase meio bilhão de reais para financiar candidaturas nas eleições de 2022.

A situação mais crítica é no Rio. Nos bastidores, as articulações apontam para que Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, prefeito de Belford Roxo, município pobre da Baixada Fluminense, seja o presidente estadual após a fusão do PSL com o DEM. No entanto, parte da bancada federal do PSL fluminense é contra. O coro dos descontentes ganhou força com a insatisfação de Sóstenes Cavalcante, também presidente regional do DEM. O deputado comanda o Democratas no Rio depois de um acordo fechado de ACM Neto, chefão nacional do partido, com o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

“Eu não acredito que o Waguinho será o presidente. Os dirigentes de ambos os partidos já entenderam que ele faz política de forma egoísta e o mal que ele é para a política do nosso estado”, atacou Sóstenes, um dos que disputam a presidência da nova legenda. “Vamos aguardar a definição (da fusão). Precisamos aglutinar e fazer um partido forte. Tenho me dedicado a isso. Não podemos espalhar”, ressaltou o deputado. Procurado por VEJA, Waguinho não respondeu até o fechamento desta reportagem.

Nacionalmente, as negociações caminham para que Luciano Bivar (PSL) presida a nova sigla, com ACM Neto (DEM) como secretário-geral. As tratativas nos estados estão sendo conduzidas por homens de confiança da dupla: o vice-presidente nacional do PSL, o advogado Antonio Rueda, e o líder democrata na Câmara, Efraim Filho (PB). “Não tem mais entrave. (A fusão) vai acontecer. Travamos critérios objetivos para determinar os estados. Aliado à governança, iremos atender os anseios de todos”, minimizou Rueda. Além dos 82 deputados, o futuro gigante partidário poderá contar com sete senadores (seis do DEM e um do PSL), quatro governadores (dois de cada legenda) e 554 prefeitos (464 do DEM e 90 do PSL).

Nos estados, o rateio do dinheiro e do tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio foram postos nas reuniões como moedas de troca. Para atrair nomes que tenham um grande número de votos nas urnas, o PSL tem feito manobras arriscadas ao tentar filiar clãs polêmicos e inimigos entre si. Na lista, há familiares dos ex-governadores Sérgio Cabral e Anthony Garotinho; do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha; do ex-deputado Domingos Brazão; e do grupo político do bicheiro Aniz Abraão David, o Anísio da Beija-Flor.

Continua após a publicidade

Garotinho, por exemplo, impôs ao PSL que só se filiaria junto com a filha, a deputada federal Clarissa (PROS-RJ), se o partido não abrisse as portas para Danielle Cunha, filha de Eduardo Cunha. Os dois políticos evangélicos, que chegaram a ser presos por suspeitas de corrupção, foram grandes aliados no passado. Cunha fez parte da gestão de Garotinho. A relação de amizade acabou em 2010. À época, o programa de Garotinho na Rádio Melodia, então controlada pelo ex-deputado, foi tirado do ar. Cunha também ficou ao lado de Cabral na briga do ex-governador com Garotinho.

Questionado por VEJA, Garotinho desconversou: “Ainda não me filiei. Prefiro aguardar os acontecimentos”. Ele tem planos para ser candidato a deputado federal. Eleito em 2010 para o mesmo cargo com quase 700 mil votos, Garotinho pretende eleger a filha, ex-deputada estadual, novamente para a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O outro filho político dele é Wladimir Garotinho (PSD), atualmente prefeito de Campos, cidade do Norte Fluminense e reduto eleitoral da família, que conta ainda com a esposa, a ex-governadora Rosinha Matheus.

Em contrapartida, a ida dos Garotinho para o PSL pode ser um obstáculo para que Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador, preso desde 2016 na Operação Lava Jato, desembarque na nova legenda. Ex-deputado federal, Marco avalia a possibilidade de concorrer ou não mais uma vez a uma cadeira na Câmara Federal no ano que vem. Em 2018, ele perdeu. “Ainda não sei se venho (candidato a) deputado”, disse.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.