Diante da constatação de que os casos de coronavírus tendem a avançar em proporções geométricas nos próximos dias, as Forças Armadas começaram a estudar um plano de emergência para ser usado como padrão em todo o país. Nesta quinta-feira 12, o secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, testou positivo para o Covid-19. O presidente Jair Bolsonaro já se submeteu a exames e aguarda o resultado para saber se também foi infectado. Ambos estiveram no fim de semana em viagem aos Estados Unidos. Bolsonaro jantou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite de sábado no resort do americano em Mar-a-Lago, na Flórida.
Até o momento, a atuação militar havia ficado restrita ao resgate dos brasileiros que estavam em Wuhan, cidade da China considerada o epicentro da doença, e na cessão de uma base aérea em Anápolis (GO) para abrigá-los em quarentena. A avaliação é a de que a situação é completamente inédita no país e que não há um protocolo definido para casos de disseminação de uma epidemia e de uma crise nacional na saúde. Não há ainda a certeza da necessidade de emprego desse protocolo, mas a ideia é que as Forças estejam preparadas para atuar em caso de necessidade.
Um interlocutor ligado ao comando das Forças e que acompanha as tratativas explicou que uma das preocupações é que os militares costumam ser acionados de maneira informal pelas prefeituras e que atualmente eles não têm uma instrução oficial sobre quais providências devem seguir caso haja alguma ação relacionada ao coronavírus. Além disso, esse mesmo interlocutor já constatou um primeiro entrave à ação militar: não há equipamentos mínimos de segurança, como a disponibilidade de máscaras para uso das tropas.
Ao redor do mundo, alguns países já contam com militares para ajudar no combate ao Covid-19. Nos Estados Unidos, o governador de Nova York acionou a Guarda Nacional para ajudar a manter determinados espaços públicos esvaziados. Questionado, o Ministério da Saúde informou que, por ora, não tem a intenção de acionar os militares para controlar o deslocamento da população e que a área técnica da pasta trata a medida como ineficaz para brecar o avanço das contaminações. A pasta também refuta neste momento qualquer intenção de fechar as fronteiras – entende que a medida não traria resultados efetivos e ainda provocaria impactos na economia.
Para o ministro Luiz Henrique Mandetta, o maior dano provocado pelo coronavírus não é o perigo que ele provoca à população, visto que a taxa de letalidade é baixa. A preocupação é com a possibilidade de um colapso no sistema de saúde, que não tem estrutura para internar muitos pacientes por um período prolongado de tempo. A corrida, agora, é para que haja uma ampliação da capacidade de atendimento aos casos mais graves.
O Ministério da Saúde também informou que novas máscaras de proteção devem chegar no próximo domingo. A pasta, no entanto, pretende fazer uma distribuição a conta-gotas e manter um estoque estratégico. O receio é o de que, diante do temor de ausência de material, as pessoas comecem a guardá-lo em casa mesmo quando não houver necessidade de uso.