A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou na segunda-feira 29 na Polícia Federal duas notícias-crime denunciando ameaças, ofensas e fraude contra o presidente da entidade, Felipe Santa Cruz. Em uma publicação no Facebook, um usuário, que se apresenta como Breno Freire, disse que o advogado “não passa de um comunista igual seu pai (Fernando Santa Cruz)” e que se acha “um semideus” por “andar de carro blindado”, mas emenda: “Não se esqueça que existe .50BMG (munição de rifle) e explosivo C-4 (de uso bélico)”.
No pedido, a OAB solicita a abertura de inquérito policial para averiguar os fatos e, se constatada a prática de ilícito penal, o envio dos autos ao Ministério Público. “O presidente Felipe Santa Cruz confia que a Polícia Federal fará toda a investigação necessária para elucidar os casos”, diz a nota.
Também na segunda-feira 29, o presidente da OAB esteve no epicentro de uma polêmica com o presidente Jair Bolsonaro, que disse que poderia “contar a verdade” sobre Fernando Santa Cruz, desaparecido durante a ditadura militar. Após a repercussão ruim de sua declaração, fez uma transmissão ao vivo no Facebook para dizer que o pai do advogado teria sido morto pelos próprios companheiros da APLM (Aliança Popular Marxista-Leninista) — documentos oficiais, no entanto, reconhecem que Fernando foi vítima de “morte violenta” promovida pelo Estado.
Figuras políticas e entidades jurídicas reagiram à fala de Bolsonaro. Reportagem de VEJA mostra as consequências do destempero do presidente. O governador de São Paulo, João Doria, disse que a manifestação do chefe do Executivo era “inaceitável”. Líder do PT na Câmara, o deputado federal Paulo Pimenta (RS) cobrou um posicionamento do Supremo Tribunal Federal, do Ministério Público Federal e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. Felipe Santa Cruz, por sua vez, afirmou que Bolsonaro demonstrou “crueldade” e “falta de empatia”.
Santa Cruz foi ao STF cobrar esclarecimentos de Bolsonaro. Na quinta-feira 1º, o ministro Luís Roberto Barroso, relator do pedido, deu o prazo de 15 dias para que o presidente, se quiser, se manifeste. Na manhã desta sexta-feira, 2, Bolsonaro afirmou que não ofendeu ninguém com sua declaração. “O que eu falei de mais? Que eu tive conhecimento na época. Eu ofendi o pai dele? Não ofendi”, declarou.