Ex-vice-presidente da Engevix é condenado a 19 anos de prisão
Construtora de Gerson de Mello Almada desembolsou mais de 15 milhões de reais em propinas no escândalo do petrolão
O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em 1ª instância, condenou nesta segunda-feira o ex-vice-presidente da construtora Engevix Gerson de Mello Almada a 19 anos de prisão pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa. Segundo o magistrado, a construtora desembolsou 15,24 milhões de reais em propina, sendo que o custo do propinoduto acabou repassado à Petrobras por meio de preço superior à estimativa utilizada pela estatal nas obras alvo da quadrilha.
Além da condenação à cadeia e ao pagamento de multa, Sergio Moro impôs o pagamento dos mesmos 15,24 milhões de reais como valor mínimo necessário para indenização à Petrobras.
Em sua defesa, Almada tentou convencer a justiça de que foi “extorquido” pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa a pagar propina em contratos com a estatal. Ele sustentou a tese de que o então dirigente “exigia” o desembolso dos recursos e “ameaçava” os empresários.
Entre os empreiteiros investigados no escândalo do petrolão, foi o mais enfático ao afirmar que o esquema de distribuição de dinheiro sujo e fraude em contratos com a Petrobras serviam como um projeto de perpetuação de partidos políticos no poder. “O pragmatismo nas relações políticas chegou a tal dimensão que o apoio no Congresso Nacional passou a depender da distribuição de recursos a parlamentares. O custo alto das campanhas eleitorais levou, também, à arrecadação desenfreada de dinheiro para as tesourarias dos partidos políticos. Não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobras, foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias”, afirmou.
“O que ele [Paulo Roberto Costa] fazia era ameaçar, um a um, os empresários, com o poder econômico da Petrobras. Prometia causar prejuízos no curso de contratos. Dizia que levaria à falência quem contrastasse seu poder, sinônimo da simbiose do poder econômico da mega empresa com o poder político do governo”, relatou. Na sentença, o juiz Sergio Moro, porém, não aceitou a alegação de extorsão e tampouco reconheceu a colaboração do réu nas investigações, embora o executivo tenha conseguido atenuantes na pena por confissões parciais de crimes.
Além de Gerson Almada, foram condenados nesta segunda-feira o ex-diretor Paulo Roberto Costa (corrupção passiva e lavagem de dinheiro), o doleiro Alberto Youssef (corrupção passiva e lavagem) e Carlos Alberto Pereira da Costa (lavagem de dinheiro). Foram absolvidos Newton Prado Junior, Luiz Roberto Pereira, Carlos Eduardo Strauch Albero e o mensaleiro Enivaldo Quadrado – neste caso por falta de provas de que tenha praticado lavagem de dinheiro.
Quando recebeu a denúncia contra Gerson Almada e executivos da Engevix, ainda em 2014, Moro descreveu como a construtora Engevix tentou burlar a Justiça com a apresentação de contratos e notas fiscais falsas ao longo da Lava Jato. No escritório do executivo, a polícia apreendeu documentos que apontam a existência do “Clube do Bilhão” e e papéis que corroboram os acertos para fraudar licitações da Petrobras. Em decorrência do esquema criminoso, os dirigentes da Engevix pagavam pelo menos cerca de 1% sobre o valor dos contratos e aditivos à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada à época por Paulo Roberto Costa.