Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Ex-gerente usou lei de repatriação para lavar dinheiro

Na avaliação de procuradores, Ministério Público deve 'abrir a caixa preta' da regularização de recursos e 'há muito para ser feito' ainda na Petrobras

Por Guilherme Venaglia
Atualizado em 4 Maio 2017, 13h19 - Publicado em 4 Maio 2017, 13h10

Um dos ex-gerentes da Petrobras envolvidos no esquema de desvios na estatal, revelado pela Operação Asfixia – 40ª fase da Operação Lava Jato –, Márcio Almeida usou a Lei da Repatriação, aprovada no ano passado, para trazer de volta ao Brasil dinheiro oriundo de propinas recebidas. Segundo o procurador da República Diogo Castor de Mattos, que classificou a ação como “ousadia”, Almeida entrou no programa para regularizar 48 milhões de reais que mantinha em uma conta nas Bahamas.

Proposta pelo governo de Michel Temer, a Lei da Repatriação prevê que brasileiros que deixaram de declarar recursos mantidos no exterior paguem os impostos devidos e possam trazer as verbas de volta ao país. Apesar de a legislação prever que o dinheiro deve ter origem lícita, a lei seria falha nos mecanismos de verificação dessa legalidade, na avaliação do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. Para ele, a declaração de legalidade que foi apresentada junto com o pedido de repatriação é uma “fantasia”.

Para Castor, existe “algum problema” com a regularização. “Hoje se mostrou que existe algum problema com esse procedimento. A lei diz que não pode ser recurso de origem criminosa”, afirmou.

Segundo Roberto Leonel de Oliveira, auditor da Receita Federal, a proporção da multa paga no procedimento, de cerca de quinze milhões de reais, é incompatível com o patrimônio de Almeida, que era de pouco mais de sete milhões na declaração de imposto de renda feita meses antes. “Ele teria que se desfazer de todo o patrimônio dele e mais um pouco para pagar a multa da repatriação”, explicou Oliveira.

A próxima etapa, como diz Castor, é “abrir a caixa preta” das regularizações promovidas pelo governo. “Isso vai além da anistia à sonegação fiscal e evasão de divisas. Isso é usar a lei para legalizar a corrupção”, criticou o procurador Carlos Fernando.

Continua após a publicidade

Petrobras

O esquema investigado descobriu mais um núcleo de desvios de corrupção na Petrobras, dessa vez envolvendo servidores de carreira da estatal. Para os investigadores, impressiona a extensão dos delitos na estatal. “Fica claro que há muito trabalho a ser feito na Petrobras. Nada garante que tenhamos uma empresa limpa em todo o seu trabalho. Certamente vamos descobrir muitas pessoas na ativa que tiveram participação em atos criminosos”, avaliou o procurador.

De acordo com os investigadores, os ex-gerentes Márcio Almeida, Maurício Guedes e Edison Krummenauer favoreciam uma série de empreiteiras em aditivos de contratos e favorecimento em licitações. Em troca, essas empreiteiras firmavam falsos contratos de consultoria com as empresas Akyzo e Liderroll, que, por sua vez, repassavam os valores para os executivos, com pagamentos no Brasil, em espécie, e no exterior, em contas secretas.

Krummenauer foi o único dos três a não ser preso nesta sexta-feira, por ter fechado acordo de delação premiada com a Justiça. De acordo com a força-tarefa, os ex-gerentes teriam movimentado cerca de 100 milhões de reais, a partir de quinze contratos da estatal que, somados, custaram em torno de cinco bilhões para a Petrobras. É a mesma diretoria de onde saíram outros dois ex-executivos envolvidos com a Lava Jato: o ex-diretor Renato Duque e o ex-gerente Pedro Barusco.

Continua após a publicidade

STF

A entrevista coletiva desta sexta opôs novamente a Operação Lava Jato e o Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana em que a Corte decidiu revogar a prisão preventiva do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima pediu mais “firmeza” do Poder Judiciário. “Enquanto não houver respeito, é necessário que o Judiciário mostre firmeza com as prisões realizadas”, afirmou.

Durante a sessão que libertou Dirceu, o ministro do STF Gilmar Mendes criticou o comportamento do Ministério Público, que teria feito “brincadeira juvenil” ao antecipar a revelação de nova denúncia contra o petista na manhã do dia que a Corte votaria o pedido de habeas corpus dele. Um dos rostos mais conhecidos da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol defendeu que era temerário que o Supremo concedesse a liberdade a Dirceu, dada a extensão dos crimes cometidos por ele.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.