Manter-se no poder em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, com 15,7 milhões de eleitores, será o teste de fogo do PT nas eleições estaduais deste ano. A tarefa, porém, não será fácil para o governador Fernando Pimentel.
Alvo de duas denúncias em 2016, ele é acusado sob suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter beneficiado empresas privadas quando ocupava o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no governo Dilma.
Também teve seu nome citado em delações na Operação Acrônimo, que investiga lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais. Pimentel nega as acusações e já afirmou acreditar que elas não irão prejudicar sua campanha.
Ele ainda tem contra si a má avaliação de sua gestão. Pesquisa CNT/MDA, de julho, mostra que sua administração é considerada péssima e ruim por 44,8% dos entrevistados. Outros 35,4% consideram Pimentel regular à frente do governo e apenas 10,6% apontam seu desempenho como ótimo e bom.
A seu favor, o petista tem o desgaste político de Aécio Neves, envolvido em escândalos de corrupção e cuja imagem pode se associar à do senador Antonio Anastasia, seu principal concorrente em Minas. O candidato do PSDB tem, inclusive, procurado se desgrudar de Aécio, que nem sequer participou das convenções estaduais da legenda.
Pesquisa mais recente da CNT/MDA, do final de julho, mostra Anastasia encabeçando a corrida eleitoral, com 21,5% das intenções de voto. Pimentel aparece em segundo, com 13,3%, seguido pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB), com 9,7%. Lacerda, por sinal, tem sua situação ainda indefinida nestas eleições.
Acordo costurado no mês passado entre seu partido e o PT definiu que o PSB se manteria neutro na disputa presidencial em troca de apoios estaduais. Muitas candidaturas dos dois partidos acabaram abortadas, como a da petista Marília Arraes, em Pernambuco, em prol da tentativa de reeleição de Paulo Câmara (PSB) naquele estado.
Em Minas, embora a convenção estadual do PSB que lançou Lacerda tenha sido cancelada pela direção nacional do partido, o candidato tenta na Justiça manter-se na disputa. Existe, porém, a possibilidade de o PSB apoiar a chapa de Pimentel após a briga judicial.
Dilma concorre ao Senado
Já para o Senado, a novidade é o nome da ex-presidente Dilma Rousseff. Esperava-se um embate entre ela e o senador Aécio Neves, reeditando a disputa presidencial de 2014. Com a desistência do ex-governador mineiro –ele vai tentar uma vaga na Câmara dos Deputados–, Dilma aumentou suas chances de ser eleita. Em pesquisa do instituto MDA do final de julho, a petista fica em primeiro, com 21,5% das intenções de voto. Aécio aparecia em segundo, com 15%, antes de anunciar a desistência.
A candidatura da petista, porém, poderá ser questionada na Justiça por outros partidos e corre risco de ser impugnada. Cassada do cargo de presidente da República em 2016, ela deveria também ter perdido os direitos políticos, como ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor, em 1992, que ficou inelegível por oito anos. Uma manobra no Senado, porém, coordenada em cima da hora por Renan Calheiros (MDB-AL) durante o processo de impeachment, definiu que ela seria afastada, mas manteria os direitos políticos, numa situação até então inédita.
Pesquisa CNT/MDA, divulgada em 31 de julho
Antônio Anastasia (PSDB) – 21,5%
Fernando Pimentel (PT) – 13,3%
Márcio Lacerda (PSB) – 9,7%
Romeu Zema (Novo) – 3,2%
Rodrigo Pacheco (DEM) – 2,4%
João Batista dos Mares Guia (Rede) – 2,0%
Brancos/Nulos – 28,1%
Indecisos – 19,7%
Número de registro: MG-04357/2018. A MDA ouviu 2.002 pessoas, entre 26 e 29 de julho. O nível de confiança é de 95%, e a margem de erro, de 2,2 pontos percentuais.
Veja os candidatos ao governo de Minas:
Fernando Pimentel (PT), economista e governador de Minas Gerais
Vice: Jô Moraes (PCdoB)
Coligação: PT, PCdoB, PR, PSDC
Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas e senador
Vice: Marcos Montes (PSD)
Coligação: PSDB, PSC, PSD, PPS, DEM, PP, Solidariedade, PMN, PTB, PTC, Patriota, PMB
Dirlene Marques (PSOL), professora universitária e economista
Vice: Sara Azevedo (PSOL)
Romeu Zema Neto (Novo), empresário
Vice: Paulo Brant (Novo)
João Batista Mares Guia (Rede), ex-secretário da Educação de Minas
Vice: Abraão Gracco (Rede)
Marcio Lacerda (PSB), ex-prefeito de Belo Horizonte
Vice: Adalclever Ribeiro Lopes (MDB)
Coligação: PSB, MDB, PDT, PV, PRB, Podemos