Logo após ter saído da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu para um palanque e discursou por cerca de 18 minutos para a militância. Seguidores, em sua maioria, com camisetas vermelhas e bandeiras do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) integravam a plateia.
“Queridos companheiros, vocês não têm dimensão do significado de eu estar aqui junto com vocês. A vida inteira eu estive conversando com o povo brasileiro, eu não pensei que no dia de hoje eu poderia estar aqui conversando com homens e mulheres que durante 580 dias gritaram ‘bom dia, Lula, boa tarde, Lula, boa noite, Lula’. Não importa se estivesse chovendo, não importa se estivesse 40 graus, não importa que tivesse zero grau. Vocês eram o alimento da democracia que e eu precisava para resistir ao que o lado podre que o estado brasileiro fez comigo e com a sociedade brasileira”, disse.
Antes de ler uma lista de nomes que incluiu lideranças do PT, do MST e do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), Lula fez vários ataques aos seus acusadores. “O lado podre do Ministério Público, da Justiça Federal, da Receita Federal que trabalharam para criminalizar a esquerda, criminalizar o PT e criminalizar o Lula. Não poderia ter ido embora sem cumprimentar vocês.”
Lula cumprimentou petistas presentes, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o deputado estadual Emídio de Souza, o ex-deputado federal Wadih Damous, o ex-senador Lindbergh Farias e o ex-candidato à Presidência da República Fernando Haddad que, segundo ele, teria sido presidente “caso não tivesse sido roubado” (na eleição de 2018).
Durante o discurso, Lula ainda apresentou a namorada, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, à militância. “Eu tive a sorte de, mesmo preso, arranjar uma namorada e ela ainda ter tido a coragem de se casar comigo”, disse, em meio a gritos da plateia para que Lula a beijasse, o que foi atendido.
Os ataques ao presidente Jair Bolsonaro vieram no fim do discurso. “Esse país pode ser muito melhor na hora que ele tiver um governo que não minta tanto pelo Twitter como Bolsonaro [faz]” Ele listou críticas ao desemprego, ao congelamento do salário mínimo e ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, a quem chamou de “grosseiro”, por estar, segundo ele, destruindo a educação brasileira.